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SIGILO
FHC apóia projeto para combater a sonegação
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, defendeu ontem a constitucionalidade
do projeto de lei que facilita a quebra do sigilo bancário por parte
da Receita Federal para combate à
sonegação fiscal. O projeto foi
aprovado pela Câmara dos Deputados na semana passada: "Vamos punir os sonegadores. Essa
lei que o Congresso aprovou é
muito boa. É constitucional sim!"
Ao lado do governador de São
Paulo, Mário Covas, FHC fez
questão de lembrar que ele participou da elaboração da Constituição, em vigor desde 1988.
"Nós (ele e Covas) fomos autores da Constituição. O Mário foi o
relator, foi o líder, e eu fui o relator
adjunto. Defesa de direitos individuais, cláusula pétrea é para defender a liberdade, privacidade, o
direito humano e não para defender sonegador, malandro e sem-vergonha. A Constituição não pode servir de escudo para a malandragem e para sonegação", disse.
O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Paulo Costa Leite, no entanto, questionou a constitucionalidade do
projeto que flexibiliza o sigilo fiscal na quinta-feira passada: "Em
uma primeira leitura do projeto,
penso que ele está maculado pelo
vício da inconstitucionalidade".
Em rápida entrevista concedida
ontem no Palácio dos Bandeirantes, onde visitou Covas, FHC disse
que o acesso às informações de
movimentação bancária do contribuinte suspeito de sonegação
depende de autorização judicial.
"Não é o arbítrio do funcionário
(da Receita). Requer a Justiça, o
juiz dar a permissão."
Questionado sobre a troca a troca de ataques entre os senadores
Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e Jader Barbalho (PMDB-PA), FHC respondeu em tom de
brincadeira que não é "médico
para tirar farpas".
Para FHC, o importante é que o
Congresso continua votando os
projetos de lei importantes para o
governo. "Que um brigue com o
outro no Congresso, mas que votem, como aliás estão votando, as
leis necessárias."
FHC disse que suas preocupação é com "outras coisas". "O Brasil cansou de farpa, de Lalau (ex-juiz Nicolau dos Santos Neto).
Nós temos que ver o que vamos
fazer de bom para o país. Não só
nós dois (ele e Covas). O Brasil todo está indo para frente", afirmou. FHC destacou o crescimento da indústria (6,5% este ano), o
aumento da produção agrícola do
início da década de 90 para cá e a
queda do desemprego.
"O Brasil cansou de o juiz dar liminar e não julgar e o sonegador
ganha o dinheiro e ninguém faz
nada. Isso é que conta para o Brasil. O resto, farpa para cá, farpa
para lá, Lalau (o ex-juiz Nicolau
dos Santos Neto) para cá, Lalau
para acolá. Não interessa ao povo
do Brasil." Ainda ontem, FHC e
Ruth foram para Ibiúna, onde deverão permanecer até hoje.
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