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São Paulo, quarta-feira, 10 de dezembro de 2003

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UM ANO DEPOIS

Documento interno aponta "erros administrativos, omissões e falta de iniciativa e de articulação interna"

Governo Lula tem de ser mais eficaz, diz PT

PLÍNIO FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

As principais correntes que controlam o PT pedem "mais eficácia" ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em análise interna de sua gestão.
"Passado quase um ano de governo, crescem as exigências por uma ação governamental mais eficaz", afirma documento elaborado pelo chamado campo majoritário petista.
"Na medida em que o tempo vai passando, erros administrativos, decisões equivocadas, omissões, falta de articulação interna, escassez de iniciativas e projetos horizontalizados são questões que devem ser mudadas e aperfeiçoadas", diz o documento a ser votado em reunião do próximo final de semana dos 81 membros do Diretório Nacional do PT.
O campo majoritário, responsável pelo texto, inclui tendências como a Articulação (da qual faz parte, por exemplo, o ministro da Casa Civil, José Dirceu) e o PT de Luta e de Massas (integrada pelo ministro da Previdência, Ricardo Berzoini, entre outros).
Os petistas farão uma análise da gestão Lula na reunião do diretório. Os debates internos terão como base oito teses apresentadas por diversas tendências do partido, que ainda têm de ser votadas pelos membros do diretório e podem ser alteradas por emendas.
A tese-guia será a do campo majoritário, que reúne cerca de 70% dos votos do Diretório Nacional. Apesar de classificar como necessária a política econômica adotada pelo ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda), ela faz crítica sutil à sua condução até aqui.
"Há no PT e fora dele opiniões que sustentam que a política monetária poderia ter sido afrouxada há mais tempo e com uma queda mais veloz na taxa de juros", diz a tese do campo majoritário.
O texto reconhece que a "taxa de desemprego se mantém em níveis alarmantes". "O governo não conseguiu, com exceção do Primeiro Emprego, implementar medidas pró-ativas específicas para a geração de empregos", admitem os próprios petistas que controlam a máquina partidária.
Reclamam a necessidade de uma "agenda concreta para tratar da microeconomia de forma articulada com os setores produtivos, com o objetivo de incrementar o desenvolvimento e o emprego".
Como resposta ao que definem como a "dramaticidade do desemprego", os petistas sugerem a criação de um Grupo de Trabalho Interministerial para estudar, com as centrais sindicais, políticas para a geração de empregos.
O campo majoritário do PT defende a necessidade das reformas da Previdência e tributária, em votação no Congresso Nacional, e aponta como prioridade para 2004 a aprovação das reformas trabalhista, judiciária e política.
No caso da reforma trabalhista, a enfrentar fortes resistências internas e no campo sindical, o PT se compromete a defender "direitos básicos, como repouso semanal, 13º salário, férias, licença-maternidade e fundo de garantia".
A reunião do Diretório Nacional, a ser realizada no sábado e domingo, em um hotel de Brasília, sacramentará a expulsão da senadora Heloísa Helena (AL) e dos deputados federais João Batista Abreu, o Babá (PA), João Fontes (SE) e Luciana Genro (RS).
"O PT não vacilou e não pode vacilar no apoio ao governo. Não apoiar o governo ou apoiá-lo de forma tíbia significaria colocar em risco a governabilidade e disseminar a desconfiança sobre a capacidade do PT de governar", diz o campo majoritário.
Em relação às eleições municipais de 2004, os petistas afirmam que as condições do país, especialmente da economia e a avaliação popular do desempenho do governo Lula, serão "variáveis influentes" na eleição.
Pregam a necessidade de que os petistas saiam em defesa de Lula. A política de alianças proposta prevê que acordos com partidos que não compõem a base de sustentação do governo, como PSDB e PFL, tenham de obter autorização da Executiva Nacional para serem efetivados.


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