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Lula ficará fora de reunião do PT que decidirá expulsão de radicais
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva não deve participar da reunião do Diretório Nacional do PT,
no próximo final de semana, que
foi transferida para Brasília e traz
na pauta a provável expulsão da
senadora Heloísa Helena (AL) e
dos deputados Babá (PA), Luciana Genro (RS) e João Fontes (SE).
"Lula a princípio não participa",
disse ontem o secretário nacional
de Organização do PT, Sílvio Pereira, que afirmou ter sido o presidente convencido por ele, José
Genoino (presidente da sigla) e
Delúbio Soares (secretário de Finanças) a não comparecer ao encontro. "Ele gostaria de participar", disse Pereira.
A decisão se deve, segundo ele,
ao peso "tamanho" de Lula no
partido em um momento em que
a sigla fará um balanço de seu governo, debaterá "medidas disciplinares" contra os radicais e tática eleitoral para o ano que vem
-apontando PSDB e PFL como
seus principais adversários. "Imagine o presidente votando isso",
afirmou o secretário.
Os 81 integrantes do diretório
irão ouvir o pronunciamento do
presidente do Comissão de Ética
do PT, Danilo Camargo, que irá
apresentar ao plenário o voto vencedor (pela expulsão) e o vencido
(pela não-punição), conforme decidido em reunião há dez dias.
O teor dos pareceres é secreto, e
os acusados de transgredir vários
artigos dos estatutos do PT não
receberão formalmente o texto
dos votos proferidos no âmbito
da Comissão de Ética.
Certa da expulsão, Luciana
Genro, ao final da votação, pretende lançar um novo partido,
reunindo dissidentes do PT.
O senador Eduardo Suplicy
(SP) defenderá tratamento diferenciado para Heloísa Helena,
propondo como pena suspendê-la por seis meses. Até então, Suplicy era contrário a qualquer tipo
de punição. Mudou o posicionamento porque a senadora votou
contra a reforma da Previdência.
As prováveis expulsões não devem ter efeito político maior dentro do partido, avalia Sílvio Pereira. Entre as correntes do PT, haveria uma única, segundo ele, que
apresentaria possibilidades de
conflitos maiores: a Força Socialista, que tem entre seus principais expoentes o deputado Ivan
Valente (SP).
"Eles caminham para uma rota
de confronto com o partido. Pode
ser um caminho sem volta", disse.
"O PT, quando teve que expulsar
correntes internas, o fez. Não pretendemos, mas fez."
O presidente do PT, José Genoino, confirmou ontem a transferência da reunião para Brasília.
Genoino atribuiu a decisão ao
funcionamento extraordinário do
Congresso, inclusive com votações.
A reunião começa no sábado,
com debate do cenário político
nacional e das perspectivas para
2004. O julgamento será no domingo. Genoino chegou a propor
à Executiva do PT a inclusão no
programa do diretório de uma
palestra do presidente do Banco
Central, Henrique Meirelles, durante a reunião. Mal recebida, a
proposta acabou descartada.
Apesar da explicação oficial para a transferência da reunião, a
mudança gerou críticas. Para o
deputado Chico Alencar, a mudança visa evitar as manifestações
contrárias à expulsão dos petistas,
que deverão ocorrer em São Paulo e em Brasília.
(ANDRÉA MICHAEL E RAFAEL CARIELLO)
Colaborou RANIER BRAGON, da Sucursal de Brasília
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