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São Paulo, quarta-feira, 10 de dezembro de 2003

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Diretório Nacional, que se reúne no fim de semana, votará defesa ao governador elaborada por Genoino e Sílvio Pereira

Governistas do PT defenderão Flamarion

RAFAEL CARIELLO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Diretório Nacional do PT, que se reúne neste fim de semana em Brasília, deve defender, no documento final do encontro, o governador Flamarion Portela (PT-RR) das acusações que vem recebendo de suposto envolvimento com o desvio de verbas em Roraima, o "escândalo dos gafanhotos".
Quem afirma é o secretário nacional de Organização do PT. Sílvio Pereira disse ontem em São Paulo que apresentará, em companhia do presidente do partido, José Genoino, um projeto de resolução que, "em linhas gerais", afirma que "não há nenhum motivo até agora, nada, que desabone a conduta de Flamarion".
Ele disse esperar que os integrantes do diretório pertencentes ao chamado campo majoritário -moderados, que controlam o partido-, a que ele, Genoino e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pertencem, apoiem a aprovação da resolução.
"Ganharemos nisso também", disse Pereira, referindo-se às prováveis vitórias de uma tese que defenda os fundamentos da política econômica do governo Lula e da expulsão dos parlamentares radicais do partido -a senadora Heloísa Helena (AL) e os deputados Luciana Genro (RS), Babá (PA) e João Fontes (SE).
Flamarion teria sido citado em depoimentos à Polícia Federal e ao Ministério Público que o relacionariam ao chamado "escândalo dos gafanhotos".
Numa operação conjunta, PF e Ministério Público descobriram uma série de fraudes na folha de pagamento do funcionalismo público de Roraima, que teriam desviado pelo menos R$ 230 milhões em verbas públicas por meio de funcionários fantasmas -os "gafanhotos", que "comeriam" os recursos.
Flamarion (ex-PSL), que filiou-se no início do ano ao PT, era vice do ex-governador Neudo Campos (PP), que chegou a ser preso por envolvimento com o esquema, e assumiu o governo de Roraima em abril de 2002 -após Campos se licenciar para concorrer às eleições do ano passado.
Segundo Sílvio Pereira, Flamarion não só não tem envolvimento com o esquema de corrupção em seu Estado como "está acabando com a bandalheira que era Roraima".
O secretário petista cita uma série de atos do atual governador que teriam contribuído para moralizar o Estado, como o recadastramento dos funcionários públicos e a solicitação de investigações ao Tribunal de Contas do Estado e ao Ministério Público.
"Isso sairia de graça?", pergunta Pereira, insinuando que Flamarion, em vez de participar do esquema, na verdade seria vítima dele. "Quem está por trás dos gafanhotos é gente poderosa."
Ele afirma que a esquerda do PT deve pedir, durante a reunião do Diretório Nacional, a expulsão de Flamarion. Para Pereira, isso seria uma tentativa de "embaralhar a história da Heloísa Helena", que deve ser expulsa.
Genoino, que, segundo Pereira, também assina a proposta de resolução, tem oscilado em seus discursos em relação a Flamarion. Após defender o governador quando seu nome foi pela primeira vez relacionado ao esquema, o presidente do PT disse, no final da semana passada, que não tem elementos "para fazer a acusação ou a defesa do governador".
Pereira afirmou, no entanto, que o PT é favorável às investigações. "Se tiver algum filiado do PT [relacionado ao esquema], o partido será implacável."


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