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DIPLOMACIA
Gabeira recorrerá à ONU sobre visto
ACM pede que EUA reexaminem veto
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
da Sucursal de Brasília
O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) vai pedir à Organização das Nações Unidas que
recorra contra a decisão dos
EUA de lhe negar visto de entrada no país.
O presidente do Congresso,
senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), manifestou ao
governo norte-americano a
"estranheza" do Legislativo
brasileiro e apelou para que o
caso seja reexaminado.
Os EUA informaram oficialmente ontem ao Brasil que o
visto de Gabeira foi negado. A
Folha antecipara a decisão há
uma semana.
Gabeira foi um dos 23 escolhidos pela Câmara dos Deputados para representá-la na Assembléia Geral da ONU, que
tem sede em Nova York.
O acordo de sede entre ONU
e EUA determina que o país anfitrião tem obrigação de permitir a entrada de integrantes de
delegações dos Estados membros. Mas os EUA argumentam
que a função dada a Gabeira foi
a de observador, "não de membro oficial da delegação brasileira". Segundo o governo norte-americano, o artigo 4, item
11, do Acordo Geral das Nações
Unidas permite ao país anfitrião negar visto a observador.
A negativa do visto foi baseada no parágrafo 1.182, inciso
3B, da Lei de Imigração e Naturalização dos EUA, que proíbe
a ida ao país de estrangeiros
que tenham se engajado em atividades terroristas.
Em 1969, Gabeira, 57, que na
época participava do grupo
MR-8, participou do sequestro
do então embaixador dos EUA
no Brasil, Charles Elbrick, depois libertado em troca de prisioneiros políticos do regime
militar brasileiro.
Naquele mesmo ano, ACM,
71, era prefeito nomeado de
Salvador e pertencia ao partido
político que apoiava o regime
militar, Arena. Apesar das divergências políticas atuais e do
passado entre os dois, Gabeira
e ACM trocaram elogios ontem
no Congresso.
ACM chamou o deputado de
"um dos expoentes de nosso
parlamento" e Gabeira afirmou
que o presidente do Congresso
"se parece cada vez mais com o
filho" (Luís Eduardo Magalhães), comparação que levou o
senador às lágrimas.
Na carta à Embaixada dos
EUA, ACM diz que a atitude de
negar o visto se deve "a motivo
ocorrido há 30 anos, fruto de
um momento difícil que o país
vivia, como ocorreu em várias
partes do mundo".
A Embaixada dos EUA em
Brasília disse à Folha que a carta de ACM foi recebida pelo encarregado de negócios James
Derham (o país está sem embaixador no Brasil). O porta-voz Terry Davidson afirmou
que o governo norte-americano está "estudando uma resposta" e, por enquanto, a decisão de negar o visto permanece.
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