São Paulo, quarta-feira, 11 de janeiro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

DIPLOMACIA

Presidente venezuelano afirma que não consegue concretizar negociação de aeronaves militares com Embraer; empresa não comenta

EUA bloqueiam compra de aviões, diz Chávez

DA "FRANCE PRESSE"

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, afirmou ontem que os Estados Unidos estão bloqueando uma operação de compra feita pela Venezuela de aviões de treinamento militar produzidos pela brasileira Embraer.
Chávez disse que "não pode assinar o documento, o contrato, que já está pronto", porque "os Estados Unidos não autorizam a companhia Embraer a fazer aviões para a Venezuela, porque a Embraer utiliza tecnologia norte-americana", afirmou o venezuelano durante o evento de abertura do ano acadêmico militar, ontem, em Caracas.
O venezuelano ressaltou que a operação foi suspensa apesar de ele já ter conversado sobre o tema várias vezes com o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, porque a Embraer tem "limitações, precisa de uma permissão dos Estados Unidos".
"Ficamos de esperar para ver se o Brasil pode solucionar o problema." Caso contrário, a Venezuela irá procurar outros fornecedores, como a China, "que também fabrica aviões de treinamento, caças e bombardeiros", disse Chávez.
A transação de compra de aeronaves brasileiras, estimada em US$ 500 milhões, fazia parte de uma aliança estratégica selada no ano passado entre o Brasil e a Venezuela e que incluía a transferência de tecnologia para a criação de uma indústria aeronáutica venezuelana.
Chávez recordou que, em 28 de novembro, Washington tentou bloquear uma venda da Espanha à Venezuela de 12 aviões de transporte militar e oito barcos de patrulha, calculada em cerca de US$ 2 bilhões. A Espanha, porém, ignorou a oposição americana e oficializou a negociação.
Além disso, Chávez insistiu que os Estados Unidos se negam a dar manutenção aos F-16 comprados pela Venezuela na década de 80.
"Se temos de substituir essa frota de F-16 por uma frota moderna de aviões MiG [de fabricação russa], o faremos", afirmou.
"É parte da guerra: tentam evitar que tenhamos embarcações modernas, aviões e uma força aérea moderna e bem equipada, a menos que sejamos dependentes deles [...]. Se somos independentes, querem neutralizar o nosso poderio militar", completou.
Chávez começou no ano passado um processo de renovação das Forças Armadas, que, além da compra da Espanha, inclui negociação de 15 helicópteros e 100 mil fuzis AK-103 com a Rússia e de uniformes, com a China.
A Embraer afirmou, por meio de sua assessoria de comunicação, que não irá comentar o assunto.


Colaborou a Agência Folha

Texto Anterior: "Não gostaria de ser candidato por W.O.", afirma governador de SP
Próximo Texto: Saiba mais: Compra de caças foi anunciada em fevereiro passado
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.