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DIPLOMACIA
Presidente venezuelano afirma que não consegue concretizar negociação de aeronaves militares com Embraer; empresa não comenta
EUA bloqueiam compra de aviões, diz Chávez
DA "FRANCE PRESSE"
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, afirmou ontem que os
Estados Unidos estão bloqueando
uma operação de compra feita pela Venezuela de aviões de treinamento militar produzidos pela
brasileira Embraer.
Chávez disse que "não pode assinar o documento, o contrato,
que já está pronto", porque "os
Estados Unidos não autorizam a
companhia Embraer a fazer
aviões para a Venezuela, porque a
Embraer utiliza tecnologia norte-americana", afirmou o venezuelano durante o evento de abertura
do ano acadêmico militar, ontem,
em Caracas.
O venezuelano ressaltou que a
operação foi suspensa apesar de
ele já ter conversado sobre o tema
várias vezes com o presidente do
Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva,
porque a Embraer tem "limitações, precisa de uma permissão
dos Estados Unidos".
"Ficamos de esperar para ver se
o Brasil pode solucionar o problema." Caso contrário, a Venezuela
irá procurar outros fornecedores,
como a China, "que também fabrica aviões de treinamento, caças
e bombardeiros", disse Chávez.
A transação de compra de aeronaves brasileiras, estimada em
US$ 500 milhões, fazia parte de
uma aliança estratégica selada no
ano passado entre o Brasil e a Venezuela e que incluía a transferência de tecnologia para a criação de
uma indústria aeronáutica venezuelana.
Chávez recordou que, em 28 de
novembro, Washington tentou
bloquear uma venda da Espanha
à Venezuela de 12 aviões de transporte militar e oito barcos de patrulha, calculada em cerca de
US$ 2 bilhões. A Espanha, porém,
ignorou a oposição americana e
oficializou a negociação.
Além disso, Chávez insistiu que
os Estados Unidos se negam a dar
manutenção aos F-16 comprados
pela Venezuela na década de 80.
"Se temos de substituir essa frota de F-16 por uma frota moderna
de aviões MiG [de fabricação russa], o faremos", afirmou.
"É parte da guerra: tentam evitar que tenhamos embarcações
modernas, aviões e uma força aérea moderna e bem equipada, a
menos que sejamos dependentes
deles [...]. Se somos independentes, querem neutralizar o nosso
poderio militar", completou.
Chávez começou no ano passado um processo de renovação das
Forças Armadas, que, além da
compra da Espanha, inclui negociação de 15 helicópteros e 100 mil
fuzis AK-103 com a Rússia e de
uniformes, com a China.
A Embraer afirmou, por meio
de sua assessoria de comunicação, que não irá comentar o
assunto.
Colaborou a Agência Folha
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