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Agência do mensalão recebeu pagamentos suspeitos, diz PF
Repasses do Banco do Brasil à DNA somam R$ 73 milhões em 2003 e 2004
Conclusão consta de laudo elaborado pelo Instituto Nacional de Criminalística
como continuidade da investigação do escândalo
ANDRÉA MICHAEL
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal concluiu
que são suspeitos e insuficientes os documentos usados para
justificar pagamentos feitos pelo Banco do Brasil à DNA, por
meio da Visanet, entre 2003 e
2004. Nesse período, os repasses do BB à agência de publicidade somam R$ 73 milhões.
O período coincide com o do
"mensalão", esquema montado
pelo empresário Marcos Valério de Souza, então sócio da
DNA, para repassar propina a
parlamentares em troca de
apoio ao governo Lula.
A conclusão consta de laudo
elaborado pelo Instituto Nacional de Criminalística, como
continuidade da investigação
sobre o "mensalão".
Conforme o laudo, nesse biênio, no qual ocorreram os repasses mais expressivos dos
contratos com a Visanet, adotou-se a prática de adiantar pagamentos à DNA por serviços
prestados ao banco estatal, para somente depois haver a
apresentação de notas e recibos. Parte da documentação foi
considerada precária, o que
tornou inviável definir com
precisão que parcela do dinheiro destinada pelo BB à DNA foi
realmente desviada.
O laudo é taxativo ao afirmar
que não existem documentos
para justificar pagamentos de
R$ 17 milhões feitos pelo BB
para a DNA entre 2001 e 2002,
durante o governo Fernando
Henrique, por meio da Visanet.
Os peritos analisaram os
contratos da DNA com a Visanet de 2001 a 2004, com foco
nos pagamentos feitos pelo
Banco do Brasil -maior cotista
do fundo, com 30%.
O inquérito do "mensalão"
foi aberto pela PF em 2005 e
gerou a denúncia, no ano passado, de 40 pessoas à Justiça. Segundo a denúncia, o chefe da
organização seria o então ministro José Dirceu (Casa Civil)
e o empresário Marcos Valério.
A PF informou ao Supremo
Tribunal Federal que a Visanet
se recusou a entregar documentos durante a investigação.
Por isso, houve ordem judicial
para que a documentação fosse
plenamente fornecida.
A Visanet foi um dos focos da
investigação da CPI dos Correios -a comissão concluiu que
foram desviados R$ 19,7 milhões da Visanet para o "valerioduto". De acordo com a CPI,
o BB repassou à DNA, agência
de propaganda usada por Valério para irrigar o esquema, R$
73,8 milhões entre maio de
2003 e junho de 2004.
De acordo com a comissão, a
DNA não conseguiu comprovar
(com notas fiscais ou recibos) o
destino de R$ 23,2 milhões do
dinheiro recebido do BB.
Auditoria interna do BB em
2005 também encontrou irregularidades durante o governo
FHC. Não foram localizados
notas fiscais, faturas ou recibos
que justificassem gastos de R$
48,3 milhões.
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