São Paulo, terça, 11 de fevereiro de 1997.

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PERSONALIDADE
Ministro dos governos Geisel e Figueiredo, economista morreu de insuficiência respiratória
Simonsen morre aos 61 e é enterrado no Rio

CHICO SANTOS
RONI LIMA
da Sucursal do Rio

O corpo do economista Mário Henrique Simonsen foi enterrado às 17h23 de ontem no cemitério São João Batista, em Botafogo (zona sul do Rio). Simonsen morreu anteontem à noite, aos 61 anos, de insuficiência respiratória.
Ministro da Fazenda no governo Ernesto Geisel e do Planejamento em parte do governo João Figueiredo, Simonsen era considerado o maior economista do Brasil.
``Ele foi certamente o economista mais tecnicamente qualificado e melhor instrumentado do país'', disse no velório o também economista e ex-ministro Roberto Campos (Planejamento, governo Castelo Branco), atualmente deputado federal pelo PPB-RJ.
O presidente da República em exercício, Marco Maciel, chegou ao cemitério exatamente às 17h, horário previsto para a saída do corpo da capela onde foi velado.
``Eu diria que o ex-ministro Simonsen foi mais que um economista, foi um humanista'', disse o vice-presidente, em referência à diversidade dos conhecimentos de Simonsen.
Maciel disse que sua presença no enterro foi um pedido do presidente Fernando Henrique Cardoso, que está em viagem ao exterior.
Velório
Cerca de 200 pessoas, entre familiares, amigos, economistas e empresários acompanharam o enterro. O fato de Simonsen ter morrido durante o Carnaval reduziu o número de presentes ao seu velório e enterro.
Um dos ausentes, por estar viajando, foi seu sócio Júlio Bozano, com quem fundou em 1961 uma empresa de assessoria financeira que viria a ser o embrião do Banco Bozano, Simonsen.
Segundo José Luiz Alqueres, diretor do banco, Bozano estava ontem em Nova York (EUA).
Entre os presentes, estavam o ministro da Indústria, Comércio e Turismo, Francisco Dornelles; o ex-ministro da Infra-Estrutura Ozires Silva (governo Fernando Collor de Mello); e a modelo Luiza Brunet, amiga de Simonsen.
Ela disse que conheceu o ex-ministro há cerca de dez anos, na casa de um amigo comum, em Búzios (Região dos Lagos), e que ficaram amigos desde então.
Luto oficial
O governador em exercício do Rio, Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSDB), compareceu representando o governador do Rio de Janeiro, Marcello Alencar, que está se recuperando de uma cirurgia. O governo do Estado do Rio decretou luto oficial de três dias pela morte do ex-ministro.
O corpo foi velado na capela oito do cemitério desde a madrugada de ontem. A filha do ex-presidente Ernesto Geisel, Amália Lucy, compareceu ao velório pela manhã. O ex-ministro da Fazenda Marcílio Marques Moreira (governo Itamar Franco) também esteve no velório.
O prefeito do Rio, Luiz Paulo Conde (PFL), foi representado no velório pela secretária municipal de Fazenda, Sol Garson. ``Mas estou aqui também como economista'', disse.
A viúva de Simonsen, Iluska, disse que ele morreu em decorrência de enfisema nos pulmões. Desde novembro, estava internado no Centro de Terapia Intensiva do hospital Samaritano, em Botafogo, sendo mantido vivo com auxílio de respiração artificial.
Nos últimos 12 meses, o ex-ministro passou a maior parte do tempo hospitalizado. Ele foi internado no dia 16 de fevereiro do ano passado, uma sexta-feira antes do Carnaval.
Chegou a apresentar algumas melhoras, mas, em 21 de novembro, foi transferido para o CTI, onde permaneceu até a morte.
Simonsen tinha dois filhos e uma filha. Seu filho Ricardo disse que o pai deixou ``uma história de participação no governo federal e de ajuda na discussão das políticas econômicas''.
Ricardo, que também é economista, acrescentou que Simonsen deixou ``uma participação muito grande como acadêmico, na formação de pessoas''.
O ministro Dornelles disse que Simonsen ``sempre era escutado por todos os presidentes''.

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