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São Paulo, terça-feira, 11 de fevereiro de 2003

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Presidente busca prestigiar Palocci

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez questão de demonstrar que o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, está prestigiado. Palocci tem sido duramente criticado pelos radicais do PT. Dizendo-se "otimista" em relação aos 40 dias de governo, Lula pediu aos ministros que não tenham pressa para anunciar projetos.
Em outro momento importante da segunda reunião ministerial do governo Lula, Palocci disse que a eventual guerra dos EUA contra o Iraque poderá ser a maior dificuldade econômica a ser enfrentada pelo governo neste ano.
De acordo com o ministro, se a guerra for rápida, menos de um mês, o Brasil absorverá bem os impactos negativos. Se o conflito for maior do que 30 dias, a economia brasileira será seriamente abalada, previu Palocci.
Ao se referir à atuação de Palocci, Lula disse que estava "cada vez mais satisfeito com a sua escolha" para o Ministério da Fazenda. O presidente, segundo a Folha apurou, quis deixar claro que o rigor fiscal e monetário de Palocci tem o seu endosso.
O objetivo de Lula, ao elogiar Palocci, foi reforçar o recado para o mercado de que o PT não fará uma ruptura abrupta na economia, apesar da avaliação interna da cúpula do governo de que, em algum momento, a ortodoxia econômica precisará de um tempero social.
Lula disse que as medidas anunciadas ontem já demonstrariam que o governo do PT é diferente. O presidente não citou diretamente o antecessor, Fernando Henrique Cardoso, mas buscou mostrar que sua gestão não será mero continuísmo da era tucana.
Segundo Lula, o corte de gastos é necessário para acalmar a economia e, numa tentativa de animar a equipe, bem ao seu estilo emocional, afirmou que a população o elegeu porque sabia que o país enfrentava dificuldades.
"Se fosse fácil, nós não teríamos vencido. Vencemos porque há dificuldades, mas o Brasil é maior do que elas", afirmou o presidente, de acordo com o relato de um ministro.
Ao dizer que os ministros não deveriam ter pressa para anunciar medidas e projetos, Lula disse, sempre segundo o relato de participantes da reunião: "O povo não espera milagre da gente em 40 dias. Não tenham pressa. Não anunciem intenção de fazer, anunciem o que vão fazer".
Ao encerrar a reunião, Lula disse que se sentia "orgulhoso" cada vez que olhava para o que haviam feito em 40 dias de governo.
Um ministro descreveu assim a reunião de ontem: "Chegamos todos meio cabisbaixos, com essas cobranças de começo de governo, e saímos todos animados. O presidente deu estímulo a todos".


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