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ANÁLISE
Sem detalhamento, anúncio inspira cautela
GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O anúncio de cortes de gastos
superiores a R$ 14 bilhões, sem
detalhamento e amparado apenas
em declarações vagas do porta-voz da Presidência, deve ser visto
com cautela. Até aqui, segue obscura a real dimensão do esforço
fiscal a ser feito pelo governo.
As equipes dos ministérios da
Fazenda e do Planejamento fizeram novas estimativas para diversos valores incluídos no texto do
Orçamento de 2003 aprovado pelo Congresso -e boa parte do aumento do aperto fiscal anunciado
pelo governo deve vir dessa mudança de cálculos, e não de redução nas despesas.
Como exemplo, indicou-se ontem que as empresas estatais e os
Estados terão uma participação
superior à do governo federal no
aumento do superávit primário
-a parcela das receitas destinada
ao pagamento de juros da dívida- de 3,75% para 4,25% do PIB
(Produto Interno Bruto).
Segundo o secretário-executivo
da Fazenda, Bernard Appy, a meta de superávit do governo federal
(Tesouro, Banco Central e Previdência) foi de 2,25% para 2,45%
do PIB, ou seja, uma economia
extra de 0,2% do PIB.
Logo, estatais, Estados e municípios ganharam novas projeções
para seu resultado, que cresceu de
1,5% para 1,8% do PIB, uma elevação de 0,3 ponto percentual.
A Fazenda também já mencionou que passou a trabalhar com
um PIB estimado em R$ 1,6 trilhão, em vez do R$ 1,5 trilhão que
constava do Orçamento aprovado pelo Congresso.
Essa alteração obriga o governo
a elevar o valor em reais do superávit primário, mas isso é insuficiente para determinar o total do
corte de gastos. Se o PIB foi revisto
é provável que tenha acontecido o
mesmo com a previsão de receitas
e despesas.
Também há dúvidas em torno
dos R$ 8,9 bilhões em despesas
obrigatórias que, segundo o governo, só foram descobertos agora. Afinal, o projeto do Orçamento foi enviado ao Congresso em
agosto passado e, em razão do aumento da inflação e da vitória eleitoral da oposição, teve todos os
seus números revisados no final
de 2002.
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