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PT SOB SUSPEITA
Todos os acusados negaram irregularidades, afirma promotor
Acusados do caso Sto. André serão denunciados outra vez
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O vereador Klinger Luiz de Oliveira Souza (PT) e outros cinco
empresários ligados à administração petista de Santo André serão
denunciados novamente à Justiça
por formação de quadrilha e por
extorsão de empresas do setor de
transporte urbano.
Os promotores não confirmam
a informação, mas a Folha apurou que, a partir das declarações
feitas por cinco dos seis investigados, o Ministério Público deverá,
além de reapresentar a denúncia
(acusação formal à Justiça), ampliar as acusações iniciais.
Desde o início do ano passado,
Klinger, que era secretário de Serviços Municipais de Santo André,
e os empresários são investigados
por uma suposta rede de cobrança de propina de empresários do
setor de transporte público.
Segundo testemunhas, parte da
propina paga pelos empresários
teria sido usada para financiar
campanhas políticas, o que o partido nega. Outra parcela iria para
o bolso dos próprios citados.
Essas investigações são tomadas
com cautela dentro do PT. Principalmente porque a Prefeitura de
Santo André era considerada uma
das principais vitrines das administrações petistas.
O prefeito Celso Daniel (PT) havia sido chamado para coordenar
a campanha presidencial de Luiz
Inácio Lula da Silva. Com o assassinato do prefeito petista, em janeiro de 2002, assumiu a função
Antonio Palocci Filho, hoje ministro da Fazenda.
Denúncia
A primeira denúncia apresentada pelos promotores contra os
seis investigados foi aceita pela
Justiça de primeira instância, mas
rejeitada pelo TJ (Tribunal de Justiça) de São Paulo, em novembro
do ano passado.
O principal argumento do TJ foi
o fato de os investigados não terem sido ouvidos pela Promotoria antes do oferecimento da denúncia. Por isso, a ação voltou às
mãos dos promotores.
Essa exigência foi cumprida nas
últimas semanas, quando cinco
investigados foram ouvidos no
procedimento. Além de Klinger,
prestaram declarações Ronan
Maria Pinto, Irineu Nicolino Martin Bianco, Humberto Tarcísio de
Castro e Sérgio Gomes da Silva -
este último estava no carro com
Celso Daniel no momento em que
o prefeito foi sequestrado.
Apenas um dos investigados, o
empresário Luiz Marcondes de
Freitas Júnior, que já foi intimado,
ainda não foi ouvido. Ele poderá
rebater verbalmente às acusações
ou então optar por falar somente
diante do juiz.
"Todas as pessoas ouvidas limitaram-se a negar qualquer envolvimento com os fatos, sem assumir, no entanto, a defesa dos demais integrantes", afirmou o promotor de Justiça José Reinaldo
Carneiro, um dos responsáveis
pela investigação.
O ex-secretário e os cinco empresários, desde o início das acusações, têm negado sistematicamente qualquer envolvimento
com as irregularidades apontadas
pelo Ministério Público. Eles atribuem as acusações a interesses
políticos e financeiros que visam
prejudicá-los.
Alguns, como Humberto, entregaram aos promotores papéis
em que questionam a isenção das
testemunhas do caso. "Todas as
declarações prestadas são importantes e poderão mudar os rumos
dessa investigação penal. Não
desprezamos nada do que foi declarado", disse o promotor.
Exigências do TJ
Nos próximos dez dias, a Promotoria criminal deverá decidir o
rumo da investigação. A denúncia
deverá ser oferecida à Justiça de
primeira instância e todos os citados terão um prazo para defesa
prévia -benefício garantido a
Klinger, por ser funcionário público, e estendido aos demais.
Sobre a possibilidade de um novo revés na Justiça -que rejeitou
a denúncia aceita em primeira
instância-, Carneiro afirmou
que todas as exigências do TJ foram cumpridas.
"Os promotores se cercaram de
todos os cuidados para que, na
eventualidade de uma nova ação
penal, a acusação possa ser enfrentada pelo mérito, não por aspectos formais", disse Carneiro.
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