São Paulo, sábado, 11 de fevereiro de 2006

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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Presidente diz que projeto de nação não deve estar subordinado a eleição e que não acredita que economia sofrerá turbulências

Em Benin, Lula pede que o deixem governar

PEDRO DIAS LEITE
ENVIADO ESPECIAL A OUIDAH

Demonstrando impaciência com as acusações da oposição de que só age eleitoralmente e das perguntas da imprensa sobre quando vai anunciar sua candidatura, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ontem em Benin que o deixem governar o país.
"Você não pode colocar o projeto de vida de uma nação em função de uma eleição, a eleição é que tem de estar subordinada a esse projeto. Só queria pedir o seguinte: para as pessoas deixarem a gente governar o Brasil", disse.
Lula também comemorou a queda do risco-país, índice que aponta o risco de investimento no país e que, próximo ao fechamento de ontem, estava em 228 pontos, menor nível da história.
O presidente falou em crescimento de 20 anos e disse não acreditar que "quem quer que venha a governar o Brasil nos próximos dez anos venha a fazer qualquer loucura com a economia".
Ao comentar possíveis turbulências na economia em ano eleitoral -que não acredita que vá haver-, a palavra repetida várias vezes por Lula foi "seriedade".
"Acho que o processo eleitoral não vai mexer com isso e não haverá nada, nem uma nem duas nem três nem quatro eleições que me farão mudar o que a gente vem fazendo na economia brasileira e a seriedade com que estamos governando o Brasil. Nada", disse o presidente. "Vamos fazer aquilo que nós temos consciência de que é necessário fazer, sem criar nenhum prejuízo para os que virão depois de nós."

FHC
Depois de quase uma semana da ofensiva midiática do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) contra seu governo e o PT, Lula falou pela primeira vez sobre o tema, mas só para desdenhar as críticas do antecessor.
"Primeiro, não sou obrigado a ler tudo o que determinadas pessoas falam. Segundo, acho que é um problema que o PT saberá cuidar", afirmou o presidente.
Pela manhã, Lula se encontrou com o presidente de Benin, em Cotonou. À tarde foi a Ouidah, vilarejo a 40 quilômetros, de onde os escravos partiam da África em direção à América.

"Não governo para político"
Lula voltou a dizer que não tem "nenhuma pressa" para anunciar se vai concorrer à reeleição e repetiu uma metáfora que vem usando nos últimos meses. "Quando você planta, a semente está debaixo da terra. Depois, quando cresce e você começa a colher os frutos, isso começa a incomodar as pessoas que não queriam que o Brasil desse certo. Acontece que não estamos governando para os políticos, estamos governando para o povo brasileiro", disse.
Apesar de já ter deslizado em várias ocasiões no tema reeleição, Lula chegou a dizer ontem que não discutiu com ninguém sobre sua eventual candidatura -mesmo depois de já ter recebido no Palácio do Planalto líderes de partidos para tratar de eventuais alianças. "Não discuti isso ainda com ninguém", respondeu, ao ser questionado se o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, iria chefiar sua eventual campanha à reeleição.


O jornalista PEDRO DIAS LEITE e o repórter-fotográfico SÉRGIO LIMA viajaram nos trechos dentro da África em um avião da Força Aérea Brasileira em razão da ausência de vôos comerciais em tempo hábil para a cobertura jornalística

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