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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA
Presidente diz que projeto de nação não deve estar subordinado a eleição e que não acredita que economia sofrerá turbulências
Em Benin, Lula pede que o deixem governar
PEDRO DIAS LEITE
ENVIADO ESPECIAL A OUIDAH
Demonstrando impaciência
com as acusações da oposição de
que só age eleitoralmente e das
perguntas da imprensa sobre
quando vai anunciar sua candidatura, o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva pediu ontem em Benin
que o deixem governar o país.
"Você não pode colocar o projeto de vida de uma nação em função de uma eleição, a eleição é que
tem de estar subordinada a esse
projeto. Só queria pedir o seguinte: para as pessoas deixarem a
gente governar o Brasil", disse.
Lula também comemorou a
queda do risco-país, índice que
aponta o risco de investimento no
país e que, próximo ao fechamento de ontem, estava em 228 pontos, menor nível da história.
O presidente falou em crescimento de 20 anos e disse não acreditar que "quem quer que venha a
governar o Brasil nos próximos
dez anos venha a fazer qualquer
loucura com a economia".
Ao comentar possíveis turbulências na economia em ano eleitoral -que não acredita que vá
haver-, a palavra repetida várias
vezes por Lula foi "seriedade".
"Acho que o processo eleitoral
não vai mexer com isso e não haverá nada, nem uma nem duas
nem três nem quatro eleições que
me farão mudar o que a gente
vem fazendo na economia brasileira e a seriedade com que estamos governando o Brasil. Nada",
disse o presidente. "Vamos fazer
aquilo que nós temos consciência
de que é necessário fazer, sem
criar nenhum prejuízo para os
que virão depois de nós."
FHC
Depois de quase uma semana
da ofensiva midiática do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) contra seu governo e o PT, Lula falou pela primeira
vez sobre o tema, mas só para desdenhar as críticas do antecessor.
"Primeiro, não sou obrigado a
ler tudo o que determinadas pessoas falam. Segundo, acho que é
um problema que o PT saberá
cuidar", afirmou o presidente.
Pela manhã, Lula se encontrou
com o presidente de Benin, em
Cotonou. À tarde foi a Ouidah, vilarejo a 40 quilômetros, de onde
os escravos partiam da África em
direção à América.
"Não governo para político"
Lula voltou a dizer que não tem
"nenhuma pressa" para anunciar
se vai concorrer à reeleição e repetiu uma metáfora que vem usando nos últimos meses. "Quando
você planta, a semente está debaixo da terra. Depois, quando cresce e você começa a colher os frutos, isso começa a incomodar as
pessoas que não queriam que o
Brasil desse certo. Acontece que
não estamos governando para os
políticos, estamos governando
para o povo brasileiro", disse.
Apesar de já ter deslizado em
várias ocasiões no tema reeleição,
Lula chegou a dizer ontem que
não discutiu com ninguém sobre
sua eventual candidatura -mesmo depois de já ter recebido no
Palácio do Planalto líderes de partidos para tratar de eventuais
alianças. "Não discuti isso ainda
com ninguém", respondeu, ao ser
questionado se o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, iria
chefiar sua eventual campanha à
reeleição.
O jornalista PEDRO DIAS LEITE e o repórter-fotográfico SÉRGIO LIMA viajaram nos trechos dentro da África em um
avião da Força Aérea Brasileira em razão
da ausência de vôos comerciais em tempo hábil para a cobertura jornalística
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