São Paulo, sábado, 11 de fevereiro de 2006

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País "está ficando para trás", diz economista

DA REDAÇÃO

O economista Luiz Gonzaga Belluzzo, 63, diz ter participado da elaboração do site pró-Serra, divulgado ontem, porque o país precisa apostar "numa outra escolha" para "mudar seu rumo". Belluzzo, filiado ao PPS, afirma ter votado no presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2002, contra o atual prefeito José Serra, de quem é amigo. Ele critica a política econômica do governo mas ressalta que o baixo crescimento se deve à política "dos últimos 20 anos".
Para ele, é necessário mudar para fazer com que o país acompanhe o desenvolvimento do mundo contemporâneo. "Estamos ficando para trás." Leia a seguir trechos da entrevista à Folha. (CF)

 

Folha - Qual o objetivo do movimento pró-Serra?
Belluzzo -
Serra é o candidato que tem mais condições de fazer um governo que retome o crescimento, com uma visão mais compatível com o desenvolvimentismo, sem provocar danos no que já foi conquistado. Ele é um fiscalista e, ao mesmo tempo, sabe que a gestão da economia exige mais flexibilidade e mais imaginação.

Folha - Quais as mudanças necessárias na política econômica?
Belluzzo -
Precisamos de uma política mais compatível com as condições do mundo contemporâneo. O governo Lula, por excesso de cautela, deixou de aproveitar o momento. Apesar da política externa muito lúcida, a política econômica foi entregue ao Banco Central e é de um conservadorismo inexplicável. Ninguém está pedindo nada heterodoxo, era preciso simplesmente impulsionar o crescimento com mais clareza. A política de metas desse governo foi mal concebida e mal executada. Lula fez uma opção política, ideológica, e o resultado foi ruim. O Brasil precisa apostar numa outra escolha para mudar seu rumo. Se o país não mudar a política econômica, será duramente prejudicado.

Folha - O sr. responsabiliza o governo Lula pelo atraso no crescimento do Brasil?
Belluzzo -
Nem o Lula nem o FHC são responsáveis. Os dois fizeram opções equivocadas por falta de condições políticas e incompreensão.

Folha - E o sr. conversa com José Serra sobre o que ele faria com a política econômica?
Belluzzo -
Nós conversamos pouco sobre economia, mas eu sei o que o Serra pensa.

Folha - Os problemas éticos envolvendo o governo Lula pesaram na sua decisão de apoiar Serra?
Belluzzo -
Não quero entrar nessa discussão. Sou a favor de que se cumpra a lei e de que o julgamento seja equilibrado. Não concordo com a exasperação e a manifestação de narcisismo moral e ético. Não quero transformar isso num cataclismo moral nem na discussão principal.

Folha - O sr. não culpa, portanto, o governo Lula pelo crescimento insatisfatório do país?
Belluzzo -
Acho que esse governo manteve o padrão de crescimento do governo FHC. Essa mediocridade me incomoda um pouco, mas isso é de 20 anos para cá.


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