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País "está ficando para trás", diz economista
DA REDAÇÃO
O economista Luiz Gonzaga
Belluzzo, 63, diz ter participado
da elaboração do site pró-Serra,
divulgado ontem, porque o país
precisa apostar "numa outra escolha" para "mudar seu rumo".
Belluzzo, filiado ao PPS, afirma
ter votado no presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2002, contra o
atual prefeito José Serra, de quem
é amigo. Ele critica a política econômica do governo mas ressalta
que o baixo crescimento se deve à
política "dos últimos 20 anos".
Para ele, é necessário mudar para fazer com que o país acompanhe o desenvolvimento do mundo contemporâneo. "Estamos ficando para trás." Leia a seguir trechos da entrevista à Folha.
(CF)
Folha - Qual o objetivo do movimento pró-Serra?
Belluzzo - Serra é o candidato
que tem mais condições de fazer
um governo que retome o crescimento, com uma visão mais compatível com o desenvolvimentismo, sem provocar danos no que
já foi conquistado. Ele é um fiscalista e, ao mesmo tempo, sabe que
a gestão da economia exige mais
flexibilidade e mais imaginação.
Folha - Quais as mudanças necessárias na política econômica?
Belluzzo - Precisamos de uma
política mais compatível com as
condições do mundo contemporâneo. O governo Lula, por excesso de cautela, deixou de aproveitar o momento. Apesar da política
externa muito lúcida, a política
econômica foi entregue ao Banco
Central e é de um conservadorismo inexplicável. Ninguém está
pedindo nada heterodoxo, era
preciso simplesmente impulsionar o crescimento com mais clareza. A política de metas desse governo foi mal concebida e mal
executada. Lula fez uma opção
política, ideológica, e o resultado
foi ruim. O Brasil precisa apostar
numa outra escolha para mudar
seu rumo. Se o país não mudar a
política econômica, será duramente prejudicado.
Folha - O sr. responsabiliza o governo Lula pelo atraso no crescimento do Brasil?
Belluzzo - Nem o Lula nem o
FHC são responsáveis. Os dois fizeram opções equivocadas por
falta de condições políticas e incompreensão.
Folha - E o sr. conversa com José
Serra sobre o que ele faria com a
política econômica?
Belluzzo - Nós conversamos
pouco sobre economia, mas eu sei
o que o Serra pensa.
Folha - Os problemas éticos envolvendo o governo Lula pesaram
na sua decisão de apoiar Serra?
Belluzzo - Não quero entrar nessa discussão. Sou a favor de que se
cumpra a lei e de que o julgamento seja equilibrado. Não concordo
com a exasperação e a manifestação de narcisismo moral e ético.
Não quero transformar isso num
cataclismo moral nem na discussão principal.
Folha - O sr. não culpa, portanto,
o governo Lula pelo crescimento
insatisfatório do país?
Belluzzo - Acho que esse governo manteve o padrão de crescimento do governo FHC. Essa mediocridade me incomoda um
pouco, mas isso é de 20 anos para
cá.
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