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Sobre possível convocação à CPI, Bastos diz que vai "com alegria"
ANDRÉA MICHAEL
ENVIADA ESPECIAL A SÃO FÉLIX DO XINGU
O ministro da Justiça, Márcio
Thomaz Bastos, disse ontem que
vai com "toda alegria" à CPI dos
Correios, mas não poderá dizer se
é falsa ou verdadeira a lista sobre o
suposto caixa dois de Furnas, em
2002, caso que está sob investigação da Polícia Federal.
"Irei com toda alegria. O que
não posso é ir lá para dizer que a
lista é falsa ou verdadeira, qualquer que seja a minha convicção.
Isso não depende de mim", disse
ele, em São Félix do Xingu (PA),
onde esteve para assistir à implosão de uma pista de pouso clandestina na Estação Ecológica da
Terra do Meio, a maior do mundo. Segundo o ministro, caberá à
PF, na investigação em curso, dizer se é verdadeira ou não a lista,
que teria sido elaborada pelo ex-diretor de Furnas Dimas Toledo.
Toledo deixou o cargo após a PF
começar a investigar o suposto esquema. Ele nega ser o autor da
contabilidade paralela. À PF, o deputado cassado Roberto Jefferson
(PTB-RJ) afirma ter recebido de
Toledo, em 2002, R$ 75 mil, exatamente como registrado na lista.
"Não posso atropelar as investigações da PF. Ficamos três anos
[de governo], indo para quatro,
em que eu não interferi em nenhuma investigação nem para
proteger nem para perseguir nem
para demorar nem para acelerar.
Agora, eu não vou fazer isso em
um caso que a PF está investigando como tantos outros", disse, ao
aterrissar às 11h (horário de Brasília), em uma fazenda próxima ao
local da implosão.
As declarações de Bastos são
resposta à intenção da oposição
na CPI dos Correios de convocá-lo para falar sobre o caso. O suposto caixa dois, listado em cinco
páginas, aponta como beneficiários na campanha de 2002 principalmente políticos de PSDB, PFL,
PTB, PL e PP, que compunham a
base aliada do governo da época.
Bandeira da ética
Ao lado de Marina Silva (Meio
Ambiente), Bastos disse que o
presidente Lula está forte eleitoralmente e que, nas eleições, o PT
deverá utilizar as bandeiras das
"realizações" e da "ética". Isso
apesar do comprovado uso de
caixa dois pelo partido, em operações movimentadas por Marcos
Valério sob a orientação do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares.
"A bandeira da ética não foi arrancada das mãos do PT. Embora
não pertença ao partido, eles têm
o direito e o dever de desfraldar
essa bandeira", disse Bastos.
A repórter Andréa Michael e o fotógrafo
Caio Guatelli viajaram a convite do Ministério da Justiça
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