São Paulo, quarta, 11 de fevereiro de 1998

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QUESTÃO AGRÁRIA
Polícia pedirá prisão preventiva de outros suspeitos de comandar o ataque a acampamentos no Estado
Delegado pedirá prisão de empresário no PR


JOSÉ MASCHIO
da Agência Folha, em Nova Londrina


O delegado Eduardo Mady Barbosa, 30, disse que irá requerer hoje a prisão preventiva de Osnir Sanches, proprietário da empresa Depropar, acusado de comandar o ataque a dois acampamentos de sem-terra, no último sábado, em Marilena (PR).
No ataque, feito por homens encapuzados nas fazendas Santo Ângelo e Boa Sorte, o sem-terra Sebastião Camargo Filho, 65, foi morto, e dois foram feridos.
Barbosa disse que mais seis "pseudojagunços" haviam sido identificados. "Vamos requerer a preventiva desses depois que tivermos seus nomes completos."
Segundo Barbosa, os depoimentos dos sem-terra indicam que Sanches teria comandado a ação, "o que confirma as declarações do segurança Augusto Barbosa da Costa de que foi contratado por Osnir".
Barbosa disse que indiciará também os fazendeiros Teissim Tina, dono da fazenda Santo Ângelo, e Toshio Konda, da Boa Sorte.
Ele disse ter também evidências de que "Marcos Prochet (presidente da regional noroeste da UDR do Paraná) esteve na ação".
Marcos Prochet, disse ontem, em entrevista à TV Londrina, que estava na rodoviária da cidade esperando por sua mulher, "que chegara de São Paulo, com uma amiga, no último sábado".
Em depoimento na Delegacia de Polícia de Nova Londrina, o sem-terra João Otaviano dos Santos, 24, disse que reconheceu Prochet entre os encapuzados "pela aparência física e pela voz".
Para o delegado, as declarações de Marcelo Aguiar Fasano, diretor do grupo Santa Maria, empresa proprietária da fazenda Figueira, confirmariam que "Osnir é o elo entre os pistoleiros e a UDR".
"Ele (Aguiar Fasano) declarou que contratou seguranças de Osnir por recomendação da UDR", disse Barbosa.
O advogado da UDR Ricardo Cantu Baggio disse desconhecer que Sanches tenha sido recomendado a Aguiar pela entidade. Ele reafirmou que a UDR nada teve "a ver com os fatos ocorridos".
Osnir Sanches, que negou à Agência Folha envolvimento no caso, está foragido.
Os sem-terra invadiram as casas da fazenda Água da Prata. Os sem-terra afirmam que, com a apreensão pela PM de um caminhão que trazia lonas para as barracas, a opção foi ocupar as casas.
A piscina da sede da fazenda, usada no domingo para comemorar a fuga de seguranças e a ocupação da propriedade, foi limpa por adolescentes sem-terra.



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