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OPERAÇÃO ANACONDA
Antonio Augusto César teve sigilos quebrados pelo STJ
PF revista casa e gabinete de subprocurador-geral
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O subprocurador-geral da República Antonio Augusto César,
um dos investigados pela Operação Anaconda, foi alvo ontem de
uma operação de busca e apreensão e teve anteontem os seus sigilos bancário, fiscal e telefônico
quebrados.
Ele responde a ação penal no
STJ (Superior Tribunal de Justiça), sob acusação de corrupção
passiva, juntamente com o agente
da Polícia Federal César Herman
Rodrigues, investigado por corrupção ativa.
A denúncia, que gerou a abertura do processo, foi oferecida pelo
procurador-geral da República,
Claudio Fonteles, na última segunda-feira. Nela também foi pedido o afastamento dos dois.
Acompanhados de procuradores da República, policiais federais fizeram ontem a operação de
busca e apreensão no gabinete de
César em Brasília e nas casas dele
nessa cidade e em São Paulo.
Essa operação e a quebra dos sigilos foram autorizadas pelo relator da ação penal, ministro Francisco Falcão. Os sigilos foram violados a partir de janeiro de 2000.
Ontem, a Folha não conseguiu
localizar, em Brasília, o subprocurador-geral para falar sobre as
acusações.
Subprocuradores-gerais, que
estão no topo da carreira do Ministério Público Federal, são processados e julgados pelo STJ
quando acusados de crime.
Fonteles convenceu-se de que
César e Herman, que já está preso,
estão envolvidos em organização
criminosa composta principalmente por juízes federais, delegados e policiais em São Paulo, que
atuariam em esquema de venda
de sentenças.
"Conversas interceptadas e material apreendido contêm veementes indícios de que Herman
oferecia vantagens indevidas a
Antonio Augusto [César]", diz a
denúncia. Entre as vantagens estariam empréstimos não cobrados, em troca de interferência em
processos no próprio STJ.
A PF chegou por acaso ao nome
dele, nas investigações da Operação Anaconda, porque ele alugava a sala do advogado Afonso Passarelli Filho, um dos principais
envolvidos, e o local sofreu busca
e apreensão.
Para Fonteles, "a existência de
sala ocupada pelo primeiro acusado [César] naquele conjunto
veio a dar sentido a conversas interceptadas e não consideradas,
por esclarecerem a proximidade
do subprocurador-geral da República com um dos integrantes da
organização criminosa".
Ele também afirmou que o material inicialmente apreendido
por policiais federais foi fundamental para a acusação, particularmente um livro-caixa de advogados registrando pagamentos e
um empréstimo feitos ao subprocurador-geral. A denúncia também cita depoimento no qual
Herman teria confirmado o seu
envolvimento com César.
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