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Senado não cobra punição por hora extra
Apesar de dizerem que pagamento de benefício no recesso foi um erro, congressistas não buscam responsáveis pela medida
José Sarney, presidente da Casa, mandou os servidores do seu gabinete devolverem o valor recebido, decisão seguida por outros colegas
Sérgio Lima/Folha Imagem
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José Sarney, presidente da Casa, mandou os servidores do seu gabinete devolverem o valor recebido, decisão seguida por outros colegas
ANDREZA MATAIS
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O pagamento de hora extra
em janeiro para servidores do
Senado foi considerado um
"absurdo" pelo presidente da
Casa, José Sarney (PMDB-AP),
que mandou os funcionários do
seu gabinete devolverem o valor recebido, decisão que foi seguida por outros congressistas.
Apesar disso, nenhum senador
assumiu a responsabilidade pelo pagamento ou cobrou punição dos responsáveis.
O Ministério Público Federal
do Distrito Federal abriu ontem investigação para apurar o
caso. A primeira providência da
procuradora Ana Carolina Roman será pedir informações ao
Senado via Procuradoria Geral
da República. O Ministério Público pode determinar desde a
devolução do dinheiro pago até
responsabilizar criminalmente
os responsáveis pela medida.
A Folha revelou ontem que
3.883 servidores do Senado receberam hora extra pelo mês
de janeiro, quando os senadores estavam em recesso e não
houve atividade parlamentar.
O custo foi de, pelo menos,
R$ 6,2 milhões, embora o Siafi,
que registra os gastos públicos,
indique valor de R$ 8 milhões.
Sarney disse à reportagem,
por meio de assessoria, que tomou a decisão de pedir a devolução no seu gabinete porque
"no mês de janeiro a Casa não
estava funcionando e não tem
sentido pagar hora extra". Seus
funcionários terão que devolver o valor no mês que vem.
"Eu acho um absurdo. Não
acho correto, não. Tem que se
verificar o que aconteceu e por
que isso ocorreu", afirmou o
presidente da Casa ontem, ao
chegar no Congresso.
A segunda-vice-presidente
do Senado, Serys Slhessarenko
(PT-MT), disse que ficou "furiosa" ao descobrir que seu gabinete também autorizou o pagamento e, como Sarney, determinou a devolução. O mesmo fez Tião Viana (PT-AC).
"Vou pedir que seja devolvido. Quando está em mês normal, tudo bem, é trabalho pesado, mas no recesso não tem justificativa", disse Serys. "Tem
que devolver", afirmou Tião.
Efraim Morais (DEM-PB),
que autorizou a despesa três
dias antes de sair da primeira-secretaria da Casa, empurrou a
responsabilidade para os chefes-de-gabinete. "Todos os gabinetes enviaram a solicitação
[de pagamento de hora extra].
As informações são de responsabilidade do gestor do gabinete", disse, em discurso no plenário e em nota. O pagamento,
porém, só ocorreu porque ele
autorizou que fosse feito extraordinariamente.
Apesar de considerar o pagamento um "absurdo", Sarney
disse que providências devem
ser tomadas pelo atual primeiro-secretário da Casa, Heráclito Fortes (DEM-PI). "É uma
atribuição dele", disse.
Heráclito afirmou que pediu
um parecer sobre o assunto ao
advogado-geral do Senado,
Luiz Fernando Bandeira, e
também jogou a responsabilidade maior para os chefes-de-gabinete. Ele disse que não irá
pedir a devolução do valor recebido por seus funcionários
porque eles fizeram hora extra
em janeiro e criticou a denúncia. "Parem com isso. A coisa
vai chegar onde?"
Heráclito afirmou que vai estudar uma forma de receber de
volta o dinheiro nos gabinetes
onde isso for determinado, de
maneira que os servidores não
sejam penalizados. "Vamos
parcelar o valor, encontrar
uma maneira."
Conforme a Folha publicou
ontem, o valor da hora extra
subiu 111% a partir de dezembro. O teto subiu de R$ 1.250
para R$ 2.641,93.
Todos os gabinetes dos sete
senadores titulares da Mesa
Diretora autorizaram o pagamento da hora extra referente
a janeiro. Dos 38 funcionários
do gabinete do primeiro-vice-presidente, Marconi Perillo
(PSDB-GO), 14 receberam o
benefício autorizado pela chefe-de-gabinete. A assessoria do
senador disse que, como vários
funcionários estavam de férias
no período, os que ficaram dobraram suas atividades.
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