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Associações pedem extinção de cooperativa
Cooperados da Bancoop solicitaram à Promotoria o afastamento da direção da entidade, comandada por tesoureiro do PT
Em disputas judiciais entre a Bancoop e famílias que se dizem lesadas, há decisões que indicam desvio de verba e má gestão na cooperativa
LILIAN CHRISTOFOLETTI
FLÁVIO FERREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Oito associações formadas
por cerca de mil famílias cooperadas da Bancoop (Cooperativa
Habitacional dos Bancários)
pediram ontem ao Ministério
Público do Estado de São Paulo
o afastamento imediato da direção da entidade e a sua completa dissolução. Até fevereiro,
a Bancoop era comandada por
João Vaccari Neto, hoje tesoureiro do PT.
A Bancoop é investigada pelo
promotor José Carlos Blat por
supostos crimes de lavagem de
dinheiro, formação de quadrilha, estelionato e apropriação
indébita. Segundo Blat, verba
da entidade financiou campanhas do PT -a documentação
foi enviada à Justiça Eleitoral.
Na sexta, Blat pediu a quebra
dos sigilos bancário e fiscal de
Vaccari e o bloqueio das contas
da cooperativa. A Justiça ainda
não avaliou os pedidos.
"As vítimas do golpe pediram
a liquidação da Bancoop à Promotoria Cível, responsável por
esse tipo de ação. Como promotor criminal, posso dizer que
houve uma gestão fraudulenta
na Bancoop, que contou com a
participação ativa e direta de
Vaccari", disse o promotor.
O pedido dos cooperados foi
entregue aos promotores Saad
Mazloum e Sílvio Marques.
Blat estima que pelo menos
47 empreendimentos não saíram do papel, o que prejudicou
cerca de 3.000 famílias. O rombo nas contas da Bancoop chegaria a R$ 100 milhões.
O advogado da Bancoop, Pedro Dallari, afirmou que, "se
sentindo amparados" pelo promotor, os cooperados pediram,
pela segunda vez, a extinção da
cooperativa. "Pedido igual foi
feito, sem sucesso, em 2006."
Para o advogado, que vê motivação política nas acusações,
não há provas contra a Bancoop. "O promotor sempre repete que está convicto, mas, até
agora, não ofereceu nenhuma
ação concreta." Blat informou
que apresentará denúncia após
a oitiva de Vaccari na polícia.
Procurado desde domingo
pela Folha, Vaccari não atendeu aos pedidos de entrevista.
Em nota divulgada no sábado,
ele afirmou: "nunca houve nenhum tipo de acusação contra
mim e não respondo a nenhum
processo, civil ou criminal".
Na Justiça
Nas centenas de disputas judiciais entre a Bancoop e cooperados, há decisões que apontam desvios de recursos e má
gestão na cooperativa.
Em duas sentenças de 2007,
a Bancoop foi condenada a devolver o dinheiro para cooperados porque não construiu o
imóvel prometido. Em uma delas, o juiz da 42ª Vara Cível da
capital, Carlos Abrão, apontou
que "devem responder os administradores da cooperativa
pelos atos praticados em desvio, abuso e excesso de poder,
inclusive na esfera criminal".
Os cooperados afirmam que,
até janeiro, obtiveram 368 decisões em primeira instância,
161 em segunda instância e 45
acórdãos do Superior Tribunal
de Justiça contra a Bancoop.
A defesa da cooperativa também já obteve vitórias na Justiça. Há casos em que os juízes
reconheceram que os cooperados deveriam pagar valor adicional ao do contrato inicial.
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