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OPERAÇÃO SOCIAL
Petistas reclamam "preferência" nas ações do programa
PT critica, mas não participa do Fome Zero, diz Graziano
JULIA DUAILIBI
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
Ao rebater críticas de petistas
sobre o Fome Zero, o ministro da
Segurança Alimentar, José Graziano, disse ontem que o PT coloca muito a "boca no trombone" e
quer "um certo privilégio" na execução do programa e contestou
ainda a mobilização dos militantes na aplicação do plano.
Graziano participou ontem de
encontro fechado com 41 representantes de diretórios estaduais
do PT. Na reunião, os petistas cobraram do ministro uma maior
participação do partido na implementação das políticas de combate à fome. Alegando que eram do
PT, eles pediram "preferência" na
divulgação da agenda e ações do
programa e uma melhor coordenação em sua comunicação.
Ao rebater as declarações, Graziano criticou os petistas. "O PT
tem essa história, qualquer um
bota a boca no trombone. Mas
quase ninguém está organizando
[o programa nas cidades]. Se eu
fosse falar isso, dava um bom artigo na Folha de S. Paulo", disse.
Segundo o ministro, poucos petistas leram o Fome Zero, ajudaram na montagem de estruturas
nos Estados e municípios ou organizaram comitês gestores.
Graziano tem sido criticado no
próprio PT pela condução do
principal programa social do governo. O presidente Lula disse,
em discurso na segunda-feira,
que a área social havia dado alguns "tropeços" iniciais. Anteontem, foi a vez do próprio ministro,
em reunião com parlamentares,
usar a expressão do presidente ao
avaliar o programa que idealizou.
Graziano foi duro ao responder
para os militantes qual seria o critério de escolha das cidades em
que o Fome Zero será aplicado.
"Não me encham com essa história de por que começou por A ou
B", disse. "Vamos atender a todos", completou o ministro.
Das 179 cidades que serão atendidas a partir de maio, 25% têm
prefeitos do PFL, e 24%, do
PMDB. Nenhuma é do PT.
O deputado Odair José da Cunha (MG) chegou a dizer que o
governador tucano Aécio Neves
(MG) quer ser o "pai da criança
[Fome Zero]". Outros juntaram-se às reivindicações, dizendo que
adversários políticos estão "lucrando" com o programa.
No debate, Graziano esquivou-se dos militantes ao dizer que o
governo não era do PT, e sim do
Brasil, e que por isso não poderia
privilegiar o partido. Houve manifestações contra a declaração na
platéia. Na saída do evento, o ministro comentou baixinho com o
deputado: "Você sabe que o nosso
pessoal quer um certo privilégio".
Graziano disse que o ministério
não seguiria IDH-M (Índice de
Desenvolvimento Humano), critério que foi adotado por programas sociais no governo FHC, e
novamente citou a Folha. "O IDH
é uma concepção focalizada. Não
vamos focalizar, por mais que a
Folha bata em mim. Não vamos
organizar do mais pobre para o
menos pobre". Para o programa,
foram escolhidas famílias pobres
do semi-árido nordestino.
Graziano criticou a articulação
do Fome Zero pelo PT nos Estados e cidades. "Ajudem-me a fazer o que o PT sempre fez. Não é porque ganhamos a eleição que
vamos fazer o que o PFL faz."
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