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Ministro é alvo de nova denúncia em CPI
Enquanto prestava depoimento sobre cartões corporativos, Gregolin (Pesca) foi surpreendido por revelação de uso da máquina
Deputado do DEM mostra discurso de ministro em que pede votos a Lula; petista diz que caso já foi arquivado por Justiça Eleitoral do Pará
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Altemir Gregolin
(Pesca) fez campanha para o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva durante a entrega de carteiras de trabalho para uma comunidade de pescadores no
Pará em 6 de outubro de 2006,
segundo denúncia apresentada
ontem na CPI dos Cartões Corporativos.
Ao prestar depoimento ontem na CPI, Gregolin foi surpreendido com a informação
de que foi filmado usando a máquina pública para pedir votos
a Lula no segundo turno.
A viagem foi toda custeada
pelo ministério para a distribuição de carteiras de trabalho
a pescadores.
A denúncia foi apresentada
pelo deputado Vic Pires (DEM-PA), que leu transcrições do
discurso do ministro, o que
provocou reação da base aliada.
Segundo ele, as imagens do discurso e do encontro de Gregolin com militantes foram gravadas e entregues à CPI.
"Nós estamos em campanha,
eu tive ontem três agendas, em
Abaetetuba, em Mojú, em Limoeiro...nós conversamos seguramente, diretamente com
mais de duas mil pessoas. Estamos entregando as carteirinhas
dos pescadores e fazendo o trabalho, fazendo campanha...",
disse o ministro no evento com
militantes, segundo a transcrição. No site do ministério, as
agendas a que o ministro se refere constam como de trabalho.
"Nós temos que ir para a porrada com esses caras. Eu trouxe
aqui, inclusive dá para tirar cópia, um livro que traz o mapa da
corrupção no governo Fernando Henrique Cardoso", completou o ministro também segundo a transcrição.
No evento, em Limoeiro do
Ajurú, o ministro disse se dirigindo aos pescadores: "Eu estou achando que vocês são peitudos, são gente decidida. Vocês deram para o presidente
Lula 6.495 votos, 54% dos votos
daqui, vocês deram para o presidente. Eu quero agradecer em
nome do presidente...E ainda
vai aumentar mais a votação no
segundo turno, não é verdade?." Surpreendido, o ministro
disse: "Não tenho lembrança
dessa fala, mas se o senhor está
lendo eu acredito." Antes de ser
acusado de fazer campanha em
evento oficial, o ministro disse
que suas despesas foram pagas
pelo ministério. "Usei o cartão,
com certeza, no hotel, mas o
meu cartão não funcionou e pedi ressarcimento".
"Isso é um dossiê", acusou a
deputada Perpétua Almeida
(PC do B-AC). "Se esse governo
for sério ele tem que ser demitido", cobrou Vic Pires. "Por
que?", perguntou Perpétua, em
coro com outros governistas.
"Vocês são surdos?", questionou o democrata. O deputado
Carlos Sampaio (PSDB-SP)
disse que irá ingressar com
ação de improbidade administrativa contra Gregolin.
O ministro admitiu que participou do evento de campanha, mas fora do horário de trabalho. Sobre suas falas no evento oficial, ele disse que isso foi
alvo de um processo arquivado
pela Justiça eleitoral do Pará.
A CPI ouviu também o chefe
do Gabinete de Segurança Institucional da presidência no governo FHC, Alberto Cardoso e
o presidente do Banco do Brasil
Cartões, Alexandre Abreu.
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