São Paulo, domingo, 11 de abril de 1999

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CEM DIAS
No início do seu segundo mandato, Covas mantém prioridade antiga
Governo de SP ainda busca ajuste e corta mais R$ 2 bi

Ichiro Guerra - 25.fev.99/Folha Imagem
Mário Covas, que teve queda de aprovação entre os paulistanos


CARLOS EDUARDO ALVES
da Reportagem Local

A louvação ao ajuste feito no primeiro governo paulista de Mário Covas (1995-98) é até agora a peça de retórica dos primeiros cem dias do novo mandato do tucano, completados neste fim-de-semana.
O governador paulista termina esse período, marcado também por problemas de saúde (leia texto abaixo), com uma queda em sua aprovação pelos paulistanos.
Segundo levantamento do Datafolha feito no último dia 7, Covas tem hoje 18% de ótimo/bom e 39% de ruim/péssimo, contra, respectivamente, 24% e 31% em março.
"Se os cortes de despesas do primeiro governo não tivessem sido eficientes não teríamos conseguido manter o ritmo mesmo com a queda de arrecadação", afirma o vice-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.
Os cortes continuam sendo marcantes no início da segunda administração de Covas.
Entre verbas de custeio, repasses para órgãos da administração indireta e congelamento de investimentos, o governo paulista já cortou R$ 2 bilhões do Orçamento deste ano (R$ 36 bilhões).
A tesoura de Covas, que afeta principalmente investimento (foi congelado R$ 1,6 bilhão), é compatível com a previsão de queda de arrecadação do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), que no ano passado respondeu por 89% do total que entrou no cofre estadual.
No primeiro trimestre deste ano, o ICMS paulista perdeu, no acumulado, 2,2% em relação aos tributos recolhidos no mesmo período do ano passado.
Existe hoje praticamente um veto integral ao lançamento de novas obras com dinheiro do governo. A ordem é terminar, se der, as que já estão em andamento.
A Sabesp, dependente de financiamentos externos, e a área de transportes foram as mais duramente atingidas pelos cortes e pela desvalorização cambial.
"Nesse quadro, a opção foi feita para preservar a área social", afirma Alckmin. De acordo com o vice-governador, a área de habitação popular seria um exemplo da opção adotada atualmente.
Nos primeiros cem dias do segundo mandato tucano, segundo o Palácio dos Bandeirantes, 39.523 unidades habitacionais estão em construção, o que permitiria atingir a meta de 250 mil até o final da gestão, segundo o programa de governo defendido por Covas na campanha eleitoral de 98.
"São Paulo está dando um exemplo ao país, zerando o déficit pela despesa e não apelando para aumento de impostos", diz Alckmin.
O fracasso mais evidente até agora do segundo mandato de Covas é na área da segurança pública.
Em fevereiro de 98, por exemplo, foram cometidos 370 homicídios na capital. No mesmo mês deste ano, o número subiu para 437.
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Oposição A maior bancada de oposição a Covas na Assembléia Legislativa, a do PT, tem uma análise crítica da prioridade covista de manter o equilíbrio entre receita e despesa.
"Covas está fazendo agora os cortes nos cortes que já vinham sido feitos e só não reduziu o pagamento da dívida com o governo federal", declara o deputado estadual Elói Pietá, líder do PT.
A decisão de reter verbas para novos investimentos e só autorizar o gasto depois de uma ordem expressa do governador é criticada politicamente por Pietá.
"É mais uma forma de centralizar as decisões. É compatível com um governo que, depois das eleições, paralisou todas as obras da Sabesp", afirma o deputado.



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