São Paulo, sábado, 11 de maio de 2002

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SOMBRA NO TUCANATO

Para banco, negócio com Marin foi malsucedido

BB investiga operações que envolvem Ricardo Sérgio

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco do Brasil classificou ontem, por meio de nota à imprensa, de "malsucedida" a operação de crédito realizada com as empresas de Gregorio Marin Preciado e informou que a instituição vem investigando o caso. Marin foi sócio do presidenciável do PSDB, senador José Serra (SP), em um terreno, vendido em 1995.
Na nota, o Banco do Brasil lamenta a divulgação da operação. Em janeiro deste ano, auditoria interna do BB abriu inquérito administrativo para apurar possíveis irregularidades no negócio.
Ainda segundo a nota, as operações contratadas pela instituição em 93, que passaram por renegociações, originaram em 95 ações judiciais para execução das dívidas. As ações ainda estão em andamento na Justiça.
Reportagem da Folha publicada ontem mostra que as empresas Gremafer e Aceto, pertencentes ao empresário espanhol, tomaram empréstimos em reais num valor equivalente a US$ 5,3 milhões no BB em 1993 e 1995.
A falta de pagamento e os pesados juros praticados no período multiplicaram rapidamente a dívida, que foi objeto de uma redução pelo BB de, pelo menos, R$ 73,719 milhões. Embora inadimplentes, as empresas ainda foram beneficiadas com mais recursos durante as renegociações.

Ricardo Sérgio
O economista e ex-arrecadador de campanha de FHC e Serra Ricardo Sérgio de Oliveira era diretor do BB na época em que ocorreu a renegociação da dívida que favoreceu Marin.
Marin tinha um terreno no Morumbi, em São Paulo, em sociedade com o senador José Serra. Em 95, quando o BB tentou arrestar os bens do empresário para pagar parte da dívida, o terreno já havia sido vendido.
Documentos obtidos pela Folha sobre o processo envolvendo as empresas do empresário consideraram as operações "atípicas". Parte do banco era contrária à redução da dívida das empresas.
Os documentos mostram ainda que as operações passaram pelo Conselho Diretor do Banco do Brasil e foram informadas também ao presidente da instituição em 1995, Paulo César Ximenes.
Apesar de lhe faltar dinheiro para pagar o BB, Marin fez doações à campanha de Serra em 94. Ao todo, a Gremafer e a Aceto doaram R$ 62.442,82, segundo a prestação de contas do tucano. No início de 95, as empresas estavam com dívidas de mais R$ 20 milhões. Leia a seguir a íntegra da nota do BB.
 
A propósito de matéria divulgada hoje (10), pelo jornal Folha de S.Paulo, relativa a operações realizadas com as empresas Aceto Vidros e Cristais Ltda. e Gremafer Comercial Importadora Ltda., o Banco do Brasil lamenta a divulgação de informações sobre operação de crédito malsucedida, pinçada dentre as milhares de operações realizadas pela instituição, o que afeta negativamente a imagem do banco.
O banco informa que as operações contratadas em 1993, e objeto de renegociações posteriores, deram origem à execução judicial promovida pelo banco em 1995, ainda em curso, estando em andamento inquérito administrativo, instaurado por sua Auditoria Interna em janeiro do corrente ano, com vistas à apuração de possíveis irregularidades (o referido inquérito é um dos 85 que tramitaram na instituição no primeiro trimestre).



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