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SOMBRA NO TUCANATO
Para banco, negócio com Marin foi malsucedido
BB investiga operações que
envolvem Ricardo Sérgio
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco do Brasil classificou
ontem, por meio de nota à imprensa, de "malsucedida" a operação de crédito realizada com as
empresas de Gregorio Marin Preciado e informou que a instituição
vem investigando o caso. Marin
foi sócio do presidenciável do
PSDB, senador José Serra (SP),
em um terreno, vendido em 1995.
Na nota, o Banco do Brasil lamenta a divulgação da operação.
Em janeiro deste ano, auditoria
interna do BB abriu inquérito administrativo para apurar possíveis irregularidades no negócio.
Ainda segundo a nota, as operações contratadas pela instituição
em 93, que passaram por renegociações, originaram em 95 ações
judiciais para execução das dívidas. As ações ainda estão em andamento na Justiça.
Reportagem da Folha publicada ontem mostra que as empresas
Gremafer e Aceto, pertencentes
ao empresário espanhol, tomaram empréstimos em reais num
valor equivalente a US$ 5,3 milhões no BB em 1993 e 1995.
A falta de pagamento e os pesados juros praticados no período
multiplicaram rapidamente a dívida, que foi objeto de uma redução pelo BB de, pelo menos, R$
73,719 milhões. Embora inadimplentes, as empresas ainda foram
beneficiadas com mais recursos
durante as renegociações.
Ricardo Sérgio
O economista e ex-arrecadador
de campanha de FHC e Serra Ricardo Sérgio de Oliveira era diretor do BB na época em que ocorreu a renegociação da dívida que
favoreceu Marin.
Marin tinha um terreno no Morumbi, em São Paulo, em sociedade com o senador José Serra. Em
95, quando o BB tentou arrestar
os bens do empresário para pagar
parte da dívida, o terreno já havia
sido vendido.
Documentos obtidos pela Folha
sobre o processo envolvendo as
empresas do empresário consideraram as operações "atípicas".
Parte do banco era contrária à redução da dívida das empresas.
Os documentos mostram ainda
que as operações passaram pelo
Conselho Diretor do Banco do
Brasil e foram informadas também ao presidente da instituição
em 1995, Paulo César Ximenes.
Apesar de lhe faltar dinheiro para pagar o BB, Marin fez doações à
campanha de Serra em 94. Ao todo, a Gremafer e a Aceto doaram
R$ 62.442,82, segundo a prestação
de contas do tucano. No início de
95, as empresas estavam com dívidas de mais R$ 20 milhões. Leia
a seguir a íntegra da nota do BB.
A propósito de matéria divulgada hoje
(10), pelo jornal Folha de S.Paulo, relativa a
operações realizadas com as empresas
Aceto Vidros e Cristais Ltda. e Gremafer
Comercial Importadora Ltda., o Banco do
Brasil lamenta a divulgação de informações sobre operação de crédito malsucedida, pinçada dentre as milhares de operações realizadas pela instituição, o que afeta
negativamente a imagem do banco.
O banco informa que as operações contratadas em 1993, e objeto de renegociações
posteriores, deram origem à execução judicial promovida pelo banco em 1995, ainda
em curso, estando em andamento inquérito administrativo, instaurado por sua Auditoria Interna em janeiro do corrente ano,
com vistas à apuração de possíveis irregularidades (o referido inquérito é um dos 85
que tramitaram na instituição no primeiro
trimestre).
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