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Fora do estádio, 15 mil assistem a evento por telões
DEBORAH GIANNINI
LAURA CAPRIGLIONE
DA REPORTAGEM LOCAL
Os organizadores da visita do
papa prepararam-se para receber 150 mil pessoas na praça
Charles Miller ontem à noite,
enquanto o pontífice, do lado
de dentro do estádio do Pacaembu, falaria para 35 mil jovens. Previsão não cumprida.
Segundo a PM, na hora mais
cheia, o lado de fora do estádio
tinha 15 mil pessoas, 135 mil a
menos do que o previsto.
O capitão PM Rogério dos
Santos calcula que, depois da
entrada do papamóvel no estádio, o público de fora caiu para
5.000 pessoas. Como a expectativa da polícia era que 100 mil
pessoas afluíssem à praça, mobilizaram-se 2.000 policiais para garantir a segurança do local.
Resultado: um policial para 2,5
pessoas -uma tranqüilidade.
Dentro do estádio, o animador da multidão incitou os jovens a gritar "Papa Bento 16, eu
também te amo", assim que o
pontífice entrou no Pacaembu,
às 18h15. A turma respondeu à
altura. Do lado de fora, a turminha, concentrada em volta de
dois telões, não reagia.
O silêncio só foi quebrado
quando os telões (que transmitiam o que acontecia dentro do
estádio a partir de sinal da TV
Bandeirantes), de repente, cortaram a imagem do papa. Em
seu lugar entrou publicidade de
uma loja popular, de um anticaspa, de câmera fotográfica e
até de um aparelho de ginástica
para moldar o abdômen. O pessoal do lado de fora do estádio
achou que aí já era demais.
"Êêêêêê", levantou-se a vaia.
Além dos camelôs que andavam para lá e para cá, frustrados pelo encalhe da mercadoria, a praça estava apinhada de
jornalistas, que disputavam
personagens exóticos. Foi a
glória de quem quis aparecer.
No exato momento em que o
papamóvel apareceu no Pacaembu, irrompeu a manifestação de um grupo que se diz seguidor do Anticristo. Carregando cartazes com os dizeres "Roma mente" e "Religião é uma
farsa", 90 jovens com apitos na
boca tentavam chamar a atenção. Cícero Pereira de Souza,
34, um dos membros do grupo,
exibia tatuagem no braço com o
número da besta: 666.
Outra "atração" foi um homem que levava boneca gigante
de isopor de Nossa Senhora
Aparecida nas costas. "Foi feita
por um estilista da Gaviões da
Fiel. Ele não quis cobrar nada,
mas paguei R$ 150 por ela",
conta Manoel da Silva, 55, que
se apresentava também como
"Rei das Embaixadinhas".
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