São Paulo, sexta-feira, 11 de maio de 2007

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Toda Mídia

Nelson de Sá

Acordo e o "tempo hábil"

Na manchete da Folha Online e outros, "Lula evita acordo e diz ao papa que vai manter o Estado laico". Do Globo Online ao "Jornal Nacional", "Lula diz ao papa que crê em Estado laico". No site da BBC Brasil, "Papa quer acordo entre Vaticano e Brasil até 2010".
Na versão da Agência Brasil, "o Vaticano esperava que a visita resultasse na assinatura de acordo, mas não houve tempo hábil". A contraproposta do Brasil, "que ainda não foi avaliada", segundo a agência, "não prevê nenhum tipo de privilégio à Igreja Católica".
O blog de Josias de Souza, no domingo, deu que o Brasil resistia ao Vaticano, que queria o compromisso de "pelo menos zelar para que não sejam introduzidas exceções" à legislação que proíbe o aborto e de "tornar obrigatório o ensino de religião no sistema público".

AUTOCENSURADO
Em sites do argentino "La Nación" ao inglês "Guardian", o encontro entre Lula e o papa ecoou mais pelo fato de ambos não terem tratado de aborto.
O enviado do "New York Times", Ian Fischer, diz que "a viagem de Bento 16 foi ofuscada pela declaração sobre o aborto" -a tal ponto, que o Vaticano se viu forçado ontem a distribuir uma versão autocensurada da entrevista do papa no avião. Retirou a resposta em que ele defendeu a excomunhão dos políticos como os mexicanos, que votaram pela liberação.

SILÊNCIO OBSEQUIOSO
Fischer lamentou que depois desse episódio o papa estaria propenso a não dar entrevistas coletivas por outros dois anos.

GIULIANI E O ABORTO
Na capa do "NYT" de ontem, a foto da coletiva de Bento 16, com a notícia do ataque aos políticos que apóiam liberação, veio ao lado do título "Giuliani deve apoiar direito ao aborto".
O ex-prefeito de Nova York e presidenciável republicano, que é católico, "planeja uma afirmação clara de seu apoio ao direito ao aborto em aparições públicas, de TV e entrevistas, apesar do potencial efeito ruim entre eleitores conservadores".

"NÃO É BOA IDÉIA"
Soou como uma resposta ao papa -embora, ouvido ontem pela agência Associated Press, Giuliani tenha evitado abordar a ameaça de Bento 16, dizendo que "não é uma boa idéia entrar numa discussão com o papa".

economist.com
DOENTES OU A CIÊNCIA
A ultraliberal "The Economist", em texto curto e inusitadamente contido, questiona de passagem a quebra da patente de remédio antiAids pelo Brasil, dias atrás. Na verdade, em seus destaques, como "Um conflito de objetivos", "Ajudar doentes ou a ciência" e "Patente a que preço?", chegou perto até de consentir a medida, o oposto do que fez há seis anos.

ACORDO, AFINAL
Depois de ameaças sem fim, os ex-sindicalistas Lula e Evo Morales fecharam um acordo para as refinarias da Petrobras, anunciou -à noite- o ministro das Minas e Energia, na Folha Online e outros. Pouco antes, porém, ele ainda dizia esperar até ser "escrito e formalizado".
A estatal Agência Boliviana de Informação festejou Lula e seu "desprendimento" no caso.

BATALHA SILENCIOSA
A "Economist" deu editorial e reportagem ao que descreve como "Venezuela e Brasil estão batalhando em silêncio sobre o formato de um banco regional".
Ataca mais Chávez, mas não gosta da versão lulista. Diz que "a recente estabilidade da América Latina ainda tem que ser testada num pânico global". E que, se tal acontecer, "espere governos correndo ao FMI".

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@ - Nelson de Sá


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