São Paulo, terça-feira, 11 de maio de 2010

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PRESIDENTE 40/ELEIÇÕES 2010

Crítica de Serra ao BC expõe divergência com adversárias

Em discussão ríspida no rádio, tucano defende que presidente "tem de fazer sentir sua posição"

Dilma elogia "agilidade, competência e precisão" da instituição no governo Lula; Marina também aprova autonomia do BC brasileiro


Rafael Andrade/Folha Imagem
Dilma durante seminário em hotel na zona sul do Rio de Janeiro

DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DO RIO

Os três principais pré-candidatos à Presidência revelaram ontem divergências sobre o grau de autonomia que o Banco Central teria em seus governos.
O tema veio à tona depois de uma declaração de José Serra (PSDB), que pela manhã defendeu que "o presidente da República tem que fazer sentir sua posição" se houver "erros calamitosos" na condução da política monetária do país.
Apesar de o tucano ter declarado ser favorável à autonomia do BC, suas principais adversárias, Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV), aproveitaram a frase para tentar se contrapor ao tucano, defendendo a autonomia da instituição e sua atuação na crise mundial -que havia sido criticada por Serra.
Na entrevista matinal, à rádio CBN, Serra mais uma vez negou que vá ocorrer "virada de mesa" na economia caso ele seja eleito, mas afirmou que o BC não está "acima do bem e do mal". Para o tucano, "o Banco Central não é a Santa Sé".
O pré-candidato do PSDB chegou a ter uma discussão ríspida sobre o assunto com a colunista Míriam Leitão. Ao participar da entrevista por telefone, ela perguntou se o tucano respeitaria a autonomia do BC ou se presidiria também a instituição se vencesse a eleição.
Serra disse que a suposição era "brincadeira" e afirmou que "o tripé câmbio flutuante, responsabilidade fiscal e meta de inflação veio para ficar".
Mas rebateu: "Você acha isso, sinceramente, que o BC nunca erra? Tenha paciência".
Questionado se interviria ao se deparar com um erro do BC, Serra interrompeu. "O que você está dizendo, vai me perdoar, é uma grande bobagem. Você vê o BC errando e diz: "Não posso falar porque são sacerdotes, eles têm algum talento, alguma coisa divina, mesmo sem terem sido eleitos, alguma coisa divina, alguma coisa secreta, e você não pode nem falar "pessoal, vocês estão errados".
À tarde, voltou ao assunto e disse defender a autonomia do BC "dentro de certos parâmetros, que são os interesses da estabilidade de preços e do desenvolvimento da economia". Afirmou ser "um grande admirador" da jornalista e negou ter ficado incomodado com as perguntas. "Eram 8h, o que vocês querem? Que eu chegue sorrindo como chego aqui?", disse, às 17h, o notívago pré-candidato.

Dilma e Marina
Poucas horas depois da primeira entrevista de Serra, Dilma defendeu, no Rio, o que chamou de "agilidade, competência e precisão" da gestão do BC no governo Lula. "Relações institucionais têm que se pautar pela maior tranquilidade possível, pela serenidade. Sempre tivemos uma relação muito tranquila com o Banco Central, de muito pouca turbulência, de muito pouca confusão", disse.
Marina foi na mesma linha e defendeu tanto a autonomia do BC quanto sua atuação durante a crise. "A experiência brasileira mostra que foi acertada a autonomia do BC. É uma autonomia não institucionalizada." (CÁTIA SEABRA, BRENO COSTA, BERNARDO MELLO FRANCO, PLÍNIO FRAGA e SERGIO TORRES)


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