São Paulo, segunda, 11 de maio de 1998

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Irrigado, Nordeste vira produtor de frutas

do enviado especial

Irrigado, o solo do Nordeste pode se transformar em um dos mais férteis do mundo. Dependendo do tipo de cultura, segundo engenheiros que trabalham com irrigação na região, o solo nordestino consegue oito vezes a produtividade das melhores terras de São Paulo e da Califórnia.
Além de um solo fértil, o Nordeste conta com a vantagem de ter sol praticamente todo o ano. Algumas culturas se adaptam muito bem ao solo nordestino. A banana plantada no Vale do Açu, no Rio Grande do Norte, chega a produzir 130 toneladas por hectare.
Comparada ao cultivo da mesma cultura em outras regiões, trata-se de um desempenho extraordinário. A média brasileira de produção de banana é de 35 a 40 toneladas por hectare. Na América Central, um dos maiores produtores mundiais de banana, a produção chega a 70 toneladas por hectare.
Em terras irrigadas, o Rio Grande do Norte já produz 40 mil toneladas por mês de banana. Segundo Abelírio Rocha, ex-secretário nacional de Irrigação, seu Estado já é responsável por 85% da produção nacional de melão e por 30% da produção da manga.
Empresas do setor agroindustrial procuram áreas irrigadas no Rio Grande do Norte para se instalar. Rocha diz que o Nordeste pode se transformar em um grande celeiro de frutas. A região tem 3.200 horas/ano em média de luz solar, excelente para a fruticultura.
Na Chapada do Apodi (RN), a média de luminosidade por ano é de 3.500 horas/ano. O Rio Grande do Norte emprega hoje 100 mil pessoas na agroindústria e na fruticultura irrigada, que é a terceira maior fonte de renda do Estado.
Para Rocha, o Nordeste tem 1,8 milhão de hectares de terras consideradas excelentes para a fruticultura -a Chapada do Apodi conta com 800 mil hectares. Para efeito comparativo, o Chile tem hoje em torno de 200 mil hectares de áreas irrigadas e fatura US$ 3,5 bilhões por ano com sua fruticultura.
No caso do Nordeste, segundo Rocha, as condições climáticas poderiam gerar uma fruticultura mais eficiente do que a chilena. Para isso, de acordo com ele, é necessária a irrigação de parte das terras da região, que só pode ser feita com a transposição do São Francisco. (EN)



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