São Paulo, domingo, 11 de junho de 2000


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PAINEL


Memórias do príncipe
FHC já tem planos para depois de 2002. Pretende reunir numa fundação a documentação do período em que esteve no poder, seguindo tanto o exemplo de ex-presidentes norte-americanos como o de Mário Soares (Portugal). O príncipe quer organizar a memória da era de sua hegemonia política e criar com ela um centro de estudos sobre o país.


Aquele abraço
FHC pretende instalar sua fundação no Rio de Janeiro, onde já procura um prédio para abrigá-la. O casal Ruth/Fernando está inclinado a mudar para a cidade depois de 2002, onde hoje moram dois de seus três filhos. É bom lembrar que o presidente é um carioca da gema.

Retrato falado
A fundação de FHC conta com a mão invisível da socióloga Danielle Ardaillon. Francesa naturalizada brasileira e amiga há décadas do casal Cardoso, é ela quem organiza a obra intelectual e os papéis pessoais do presidente. Além de fazer a transcrição do "diário falado" que FHC grava desde que assumiu.

Olho por olho
O PMDB comemorou a prisão de Salvatore Cacciola. Seria a prova viva de que a CPI dos Bancos não terminou em pizza, como se dizia. Pior para Luiz Estevão (DF). É o peixe graúdo que ACM espera para poder dizer o mesmo da CPI do Judiciário.

Samba atravessado
O tucano Aécio Neves (MG) fugiu do script ao divulgar as mudanças na privatização do setor elétrico na quinta. O combinado era que FHC faria o anúncio. O PSDB capitalizaria politicamente depois. O presidente falou na sexta. E ficou sem nada de novo para acrescentar.

Pouca luz
FHC não gostou nada de saber por terceiros do perigo de racionamento ou, pior, de um eventual "apagão" no final do ano. Rodolpho Tourinho (Minas e Energia) sempre negou o risco.

Espécie em extinção
Mário Covas carregou no nacionalismo no discurso que fez sexta-feira na Abdib (Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústria de Base). O governador lembrou que, dos oito ex-presidentes da entidade ali homenageados, apenas um havia sobrevivido como empresário nacional. "Há algo de muito errado nisso", disse. Todos entenderam o recado para FHC.

Platéia dividida
As farpas de Covas à política econômica de FHC foram ouvidas pelos ministros Serra (Saúde), Pedro Parente (Casa Civil), Tápias (Desenvolvimento) e Paulo Renato (Educação). Uns gostaram, outros nem tanto.

Treinamento de guerra
Discretamente, a Polícia Federal começou a treinar agentes em Brasília para negociar com sem-terra durante invasões. O curso seria uma adaptação de outro, que ensina o policial a negociar com sequestradores.

Mudança de rota
Varig, Vasp e TAM terão de suar para arrancar cerca de R$ 4 bilhões do governo a título de indenização por tarifas controladas nos anos 80. Gilmar Mendes (Advocacia Geral) sabe que a Transbrasil só levou o seu devido a um cochilo dos advogados da União. E está decidido a não dar a mesma moleza.

Efeito dominó
A exemplo do Senado, a Câmara deu a largada para pôr fim à reeleição após as eleições municipais. Há 17 projetos tramitando nesse sentido. Alguns já receberam o sinal verde da Comissão de Constituição e Justiça.

Na contramão
Chama-se "Propostas para um Outro País" a conferência que o economista Celso Furtado faz quarta-feira, na USP, dentro do seminário "Novos Paradigmas de Desenvolvimento", quando receberá da universidade uma homenagem pública à véspera de completar 80 anos.
TIROTEIO

De Michel Temer, sobre a acusação de que não resistiu tanto quanto se esperava ao boicote do governo à reforma tributária:
- A reforma só foi pra frente porque eu lutei. Estiquei a corda sozinho até onde pude. Depois que acabou a possibilidade de acordo, insistir seria quixotesco. E eu também não sou idiota!

CONTRAPONTO
Opção de fumante

O projeto que proíbe a veiculação de propaganda de cigarros está sendo analisado por três comissões técnicas da Câmara.
Um relator foi designado para cada um das comissões. Na de Economia, a tarefa coube a João Sampaio (PDT-RJ). O parlamentar, que defende a proibição, é um fumante inveterado.
Em média, Sampaio fuma duas carteiras de cigarros por dia. Desde os 14 anos. Aos 59, Sampaio calcula que já tragou "meio milhão de cigarros".
Em razão dos seus antecedentes, Sampaio virou alvo das brincadeiras dos colegas. Mas não dá o braço a torcer. Quinta passada, foi até o cafezinho da Câmara e pediu um maço.
No invólucro, leu a advertência do Ministério da Saúde de que o cigarro provoca impotência sexual. Rapidamente, devolveu o pacote para a balconista:
- Troca por aquele que provoca câncer, por favor!


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