São Paulo, domingo, 11 de junho de 2000


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SÃO PAULO
Levantamento a partir de resultados no 1º turno aponta onde se concentram os votos de PPB, PT, PSDB e PMDB
Partidos encontram "redutos" na capital

RALPH MACHADO
EDITOR-ASSISTENTE DE BRASIL

JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL

Mooca é malufista. Sapopemba, PT (ou Luiza Erundina, a verificar nas eleições de outubro). Pinheiros é o ninho do PSDB (ou de José Serra, morador do bairro). Itaim Paulista já foi PMDB.
Avançando um pouco mais, o conjunto dos cinco principais "redutos" desses partidos na cidade de São Paulo está no quadro ao lado, que leva em conta os resultados no primeiro turno das três últimas eleições municipais.
O levantamento, feito pela Folha a partir de dados das zonas eleitorais de São Paulo apurados pelo Tribunal Regional Eleitoral e compilados pelo Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados), analisou a participação relativa dos votos obtidos pelos principais partidos na capital.
Juntos, PPB (e seu antecessor PDS), PT, PSDB e PMDB obtiveram 93% dos votos no primeiro turno -em 1988 não existia ainda a possibilidade de ocorrer segundo turno- nas últimas três eleições municipais em São Paulo.
O resumo feito no início foi extraído a partir da análise da média de votos obtidos em cada uma das zonas eleitorais existentes em São Paulo em 1992 -na última eleição municipal, em 1996, o total de zonas eleitorais passou de 35 para 41, devido ao desmembramento de algumas delas, em 1994.

Duelo
No período analisado ocorreu, na verdade, um duelo entre o PPB, antes PDS, e o PT. Luiza Erundina, hoje no PSB, era a candidata do PT em 1988 contra Paulo Maluf, do PDS. Ela venceu.
Em 1992, Maluf, representando o PPB, derrotou Eduardo Suplicy, marido da hoje pré-candidata do PT Marta Suplicy. Em 1996, Celso Pitta, que fora secretário das Finanças de Maluf, deu nova vitória ao PPB contra o PT, representado novamente por Erundina.
Pitta foi afastado pela Justiça no mês passado, em meio a acusações de improbidade administrativa e enriquecimento ilícito.
Essa mistura de nomes e siglas atinge, também, o PSDB. Serra, atual ministro da Saúde, foi candidato derrotado duas vezes, em 1988 e em 1996. Em 1992, o partido foi representado por Fábio Feldmann, um defensor da causa ambientalista.
Já no PMDB a situação é totalmente diferente. O partido teve três candidatos distintos: João Osvaldo Leiva (1988), Aloysio Nunes Ferreira (1992), hoje ministro, na Secretaria Geral da Presidência, e José Aristodemo Pinotti (1996), recém-nomeado secretário da Saúde do prefeito interino de São Paulo, Regis de Oliveira (PMN).

PPB
De acordo com o levantamento da Folha, o eleitorado do PPB e de seu antecessor, o PDS, está, em primeiro lugar, na Mooca. Depois vêm Jardim Paulista, Vila Maria, Indianópolis e Tatuapé.
Entendidas as zonas eleitorais como os bairros que lhe dão nome, há uma mistura de regiões consideradas ricas e pobres.
"Maluf realizou muita coisa, deixou a marca dele na Mooca", afirma Isidoro Delvechio, 75, presidente da Sociedade Amigos da Mooca, citando o viaduto que leva o nome do bairro e as obras antienchente nas ruas da região.
Mas, para Delvechio, "as coisas estão se modificando", porque "a base malufista não se apresenta dentro da mesma tradição".
Essa tradição, de acordo com ele, remete ao histórico eleitoral de Jânio Quadros, prefeito duas vezes (1953-54 e 1986-88), governador do Estado (1955-59) e presidente da República (1961).
"A Mooca está para Maluf assim como a Vila Maria esteve para Jânio", afirma Delvechio, que, apesar de nascido na Mooca, diz nunca ter votado em Maluf -em Jânio, porém, votou nos anos 80.
A Vila Maria aparece na relação de bairros malufistas apurada pelo comitê de campanha do ex-prefeito, mas a Mooca não.
""De acordo com nossas pesquisas, Maluf é mais forte em Santana, Tucuruvi, Vila Guilherme, Casa Verde, Vila Maria, Belém, Carrão, Aricanduva, Vila Formosa e Belém", disse Nelson Biondi, publicitário responsável pela campanha malufista.

PSDB
O PSDB, por sua vez, obteve nas últimas três eleições maior aceitação nas regiões consideradas nobres de São Paulo, como Pinheiros, Jardim Paulista, Perdizes, Indianópolis e Vila Mariana.
Os tucanos avançaram em áreas em que o malufismo é forte e em locais que, antes, eram ocupados pelo PMDB, partido do qual se originou em 1988, e pelo PT, como São Miguel Paulista (zona leste) e Campo Limpo (zona sul).
Para o professor Hamílton Luiz Corrêa, da Faculdade de Economia e Administração da USP, os moradores de Pinheiros, bairro mais tucano de São Paulo, não possuem uma postura "bairrista" e não votam por "fisiologismo".
Segundo Corrêa, presidente do diretório do PSDB no bairro, "a maioria dos moradores de Pinheiros é de pessoas intelectualizadas e com acesso à informação", que vota com uma visão mais ampla: em vez de candidatos, escolhe quem apresenta o melhor programa político.


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