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PF tem pista sobre dinheiro para Medina
Novo relatório da Operação Hurricane aponta que R$ 440 mil recebidos por ministro do STJ saíram de escritório de advocacia
Polícia rastreia empréstimo
dado por Virgílio, irmão de
Paulo Medina; suspeita é
que ele tenha servido como
intermediário para propina
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em Relatório de Inteligência
Policial no qual resume as mais
novas informações sobre a
Operação Hurricane, a Polícia
Federal aponta indícios de que
os R$ 440 mil emprestados pelo advogado Virgílio Medina ao
seu irmão, o ministro do STJ
(Superior Tribunal de Justiça)
Paulo Medina, saíram de um
escritório de advocacia.
Em sessão reservada na qual
apresentou sua defesa aos colegas de tribunal, Medina disse
que a transação está registrada
em sua declaração de Imposto
de Renda de 2004. O dinheiro
teria sido destinado à compra
de um apartamento.
Conforme o relatório policial
enviado à Justiça na semana
passada e ao qual a Folha teve
acesso, "checagens iniciais realizadas com autorização judicial apontam que a origem desse dinheiro seria um escritório
de advocacia (Martins e Sálvia
Advogados), tendo a quantia sido depositada por Virgílio, na
seqüência, na conta de uma
construtora (Conartes Engenharia e Edificações Ltda.) de
Belo Horizonte".
A Conartes é especializada
"há 27 anos no segmento de
empreendimentos residenciais
de alto luxo", de acordo com informações apresentada pelo site da construtora na internet.
Em sua página 21, informa o
relatório que "essa apuração
ainda está em curso, mas reforça a colocação de Virgílio Medina como intermediário e meio
de acobertamento de valores
supostamente recebidos em
negociações".
Ao se tornar pública, inclusive com a prisão de desembargadores do Tribunal Regional
Federal da 2ª Região, a Hurricane revelou a existência de
um esquema de venda de sentenças judiciais capitaneado
por contraventores e empresários de jogos. A operação foi deflagrada no dia 13 de abril.
Conforme a PF e a Procuradoria Geral da República, há
"fortes indícios" de envolvimento do ministro Medina
com a quadrilha descoberta pelas investigações da Hurricane.
Em documento produzido
pela PF e incluído no inquérito
relativo à Hurricane, os investigadores registram que "o ministro [...] Paulo de Oliveira
Medina, interpondo seu irmão
-o advogado Virgílio Medina
-como intermediário-, solicitou vantagem indevida, inicialmente no valor de R$ 1 milhão
[...], a integrantes da organização criminosa voltada para a
exploração de jogos de azar [...],
para que fossem favorecidos
por decisão em procedimento
que estava sob seu crivo (Reclamação 2211)".
Por meio desta reclamação, a
empresa Betec conseguiu no
ano passado, em caráter liminar, decisão do ministro Medina que levou à liberação de máquina caça-níqueis.
Conforme a investigação policial, a transferência do dinheiro para a construtora se dá
em duas etapas.
Primeiro, Virgílio recebe R$
427 mil em sua conta vindo do
escritório Martins e Sálvia. Depois, transfere R$ 440 mil para
a Conartes.
A PF agora investiga as relações entre Virgílio e o escritório Martins e Sálvia.
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