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São Paulo, sexta-feira, 11 de julho de 2003

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REFORMA NO AR

Grevistas afirmam que proposta do governo é "balão de ensaio'; movimento mantém 50% de adesão, dizem organizadores

Líderes avaliam que recuo fortalece greve

IURI DANTAS
CAMILO TOSCANO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A negociação do governo com deputados e setores do Judiciário não surtiu efeito na greve do funcionalismo federal, que teve início na terça-feira. Os grevistas avaliam que, em vez de enfraquecer, o acordo pode fortalecer a paralisação por tempo indeterminado.
As intenções do governo em fazer alterações foram vistas como "balão de ensaio" e "acenos" pelos servidores, conforme nota oficial divulgada ontem. Segundo balanço dos organizadores, a greve manteve 50% de adesão no país ontem. O governo não divulgou a sua avaliação do movimento até o início da noite.
A greve é comandada pela Cnesf (Coordenação Nacional de Entidades de Servidores Federais), composta por 11 entidades sindicais. A Folha ouviu ontem todos os líderes e constatou que o recuo do governo em relação à integralidade da aposentadoria e paridade entre ativos e inativos só deve fortalecer o movimento de greve.
"O argumento do governo ajuda a mobilização, surte efeito. Acaba com a idéia de unanimidade na aprovação das reformas", afirmou Ramiro Lopes, coordenador do Fenajufe (servidores da Justiça Federal). Segundo a diretora do Unafisco (fiscais da Receita Federal), Isabel Vieira, ainda não é possível calcular como os servidores vão reagir ao recuo.
"[O acordo] não enfraquece. Se fortalece, ainda não é possível avaliar. Esse aceno do governo ainda não é uma proposta de negociação", afirmou ontem.
Ou seja, os grevistas não querem apenas declarações, mas sim uma negociação efetiva. Sem gestos concretos, continua a greve.
"Estamos esperando que o governo tenha bom senso, aptidão necessária e a clareza de tentar resolver esse impasse suspendendo a tramitação da reforma", afirmou Elano Furtado, diretor da Condsef (servidores federais).
Ontem, ficou decidido que a fiscalização de portos e aeroportos e a distribuição de dinheiro do Banco Central devem ser paralisados.
"Não vamos abrir mão, não vamos entrar em negociata. Queremos negociação de fato. Por enquanto, são perspectivas. Temos setores estratégicos que vamos acionar no pico da greve para pressionar o governo", disse Gilberto Cordeiro, da Fenasps (servidores da Previdência Social).
Segundo Edvaldo Rosas, coordenador-geral da Fasubra (servidores de universidades), o movimento cresceu com a adesão de três campi no país.
A greve foi considerada "preocupante" pelo ministro Cristovam Buarque (Educação).


Colaborou LUCIANA CONSTANTINO, da Sucursal de Brasília


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