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ELEIÇÕES 2006 / CONGRESSO
Apesar de escândalos, 88% da Câmara tenta reeleição
No Senado, 46 parlamentares, ou 56,7% da Casa, disputam eleições de outubro
Segundo Diap, eleitorado descrente com deputados tende a votar em novos candidatos; renovação de quadros deve passar de 50%
LETÍCIA SANDER
ADRIANO CEOLIN
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar dos escândalos do
mensalão e o dos sanguessugas
que se abateram sobre o Congresso, 88% dos 513 deputados
federais vão concorrer à reeleição em outubro, maior índice
desde as eleições de 1994.
O levantamento, feito pela
Folha com informações das lideranças partidárias e dos gabinetes dos parlamentares, mostra que apenas 16 deputados
não disputarão nenhum cargo.
Em 2002, 80% dos deputados tentaram a reeleição. Em
1998, foram 86% e, em 1994,
85%. Levando em conta candidaturas a outros cargos, o índice de deputados em campanha
sobe para 96%. Além dos que
disputam a reeleição, 18 deputados vão concorrer ao Senado,
11 são candidatos a governador,
seis a vice governador e oito a
deputado estadual.
No Senado, apesar de apenas
27 senadores encerrarem seus
mandatos no início do próximo
ano, 46 vão disputar as eleições
de outubro, ou seja, 56,7% da
Casa. O Senado possui dois
candidatos à Presidência da
República, dois a vice-presidente, 19 a governador, três a
vice-governador, 13 à reeleição,
quatro a deputado federal e três
a deputado estadual.
Renovação recorde
Apesar do alto índice de deputados tentando retornar à
Câmara, o Diap (Departamento
Intersindical de Assessoria
Parlamentar) prevê uma renovação dos quadros neste ano
superior a 50%.
O índice, de acordo com o
instituto, só deve ficar abaixo
do verificado nas eleições de
1990, quando 62% de novos deputados federais assumiram o
mandato, segundo o Diap.
Segundo o pesquisador Antônio Augusto de Queiroz, do
Diap, a conjuntura das eleições
de outubro deste ano é muito
parecida com a de 1990. "Há, tal
qual havia naquela época, uma
imagem profundamente negativa do Congresso, com muitas
denúncias", avalia.
Pesquisa Datafolha publicada em 28 de maio revelou que
42% dos eleitores consideram o
desempenho do Congresso
ruim ou péssimo. Contribuiu
para essa imagem negativa as
absolvições de acusados de envolvimento no mensalão. Dos
19 deputados citados no caso,
apenas três foram cassados,
quatro renunciaram e 11 foram
absolvidos. Resta o julgamento
do ex-líder da bancada do PP,
deputado José Janene (PR).
Em 1994, a taxa de renovação
na Câmara foi de 55%. Em
1998, foi de 42% e, em 2002,
chegou a 41%. Queiroz ressalta,
no entanto, que uma grande renovação não significa necessariamente um dado positivo.
"O grande problema da crise
como a que vive o atual Congresso é que as pessoas costumam generalizar, colocando
todo mundo no mesmo nível,
como se fosse farinha do mesmo saco, sem separar o joio do
trigo, abrindo espaço para todo
tipo de vigaristas e oportunidades", afirma o pesquisador.
De acordo com análises do
Diap, da Arko Advice e do cientista político David Fleischer, o
PMDB deve eleger a maior bancada na Câmara, enquanto o PT
deve ser o maior prejudicado
após o escândalo do mensalão.
Segundo a liderança do PT na
Câmara, da bancada atual de 81
parlamentares, 79 vão tentar a
reeleição. No PMDB, 77 dos 81
deputados tentarão se reeleger.
Recesso branco
Priorizando as eleições, o
Congresso decidiu trabalhar,
na prática, apenas três dias por
mês até outubro. Após o recesso parlamentar, na segunda
quinzena deste mês, a Câmara
e o Senado só funcionarão na
primeira semana de agosto e na
primeira de setembro. Só há
votações às terças, quartas e
quintas-feiras. Mas os parlamentares receberão normalmente os salários de R$ 12.847,
no caso dos deputados, e de R$
12.720, no caso dos senadores.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL),
tem reclamado do efeito dessa
avalanche de candidatos nos
trabalhos da Casa. "Os senadores estão nos Estados fazendo
campanha e, como os suplentes
não estão aqui, temos tido dificuldade para votar", disse ele.
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