São Paulo, Domingo, 11 de Julho de 1999
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Economista crê em potencial

da Reportagem Local

O economista Roberto Cavalcanti Albuquerque, do Inae (Instituto Nacional de Altos Estudos), acha que o crescimento do PIB nordestino nos últimos anos não é motivo para comemoração. Isso porque, segundo ele, a região tem se sobressaído num cenário em que a economia brasileira está em estagnação.
Apesar dessas ponderações, Cavalcanti acredita que o Nordeste dispõe de grandes potenciais para acelerar seu crescimento.
Recentemente, ele concluiu um livro, intitulado "Uma Estratégia para Vencer o Desafio das Secas e a Aceleração do Desenvolvimento", que foi encomendado pelo governo federal para traçar políticas para a região.
Na opinião do economista, os setores que mais podem impulsionar o crescimento nordestino são turismo, agricultura irrigada, "agrobusiness" e serviços.
Mas, para incrementar esse desenvolvimento, será preciso resolver alguns problemas estruturais. Ele cita dois: a baixa escolaridade da população e o fato de 40% dos habitantes do Nordeste, cerca de 20 milhões de pessoas, viverem no semi-árido, a região mais seca e mais pobre do país.
"A solução seria fazer a transposição do rio São Francisco, uma obra polêmica, mas necessária. Depois, será preciso estimular o desenvolvimento daquela região com outras atividades além da agricultura, que, diante das condições climáticas, torna-se muito arriscada", afirma Cavalcanti.
Na visão do economista, a transferência de tantas indústrias do eixo centro-sul para o Nordeste não pode ser considerada como um fator que vá, a longo prazo, contribuir para o crescimento sustentado da região.
"A instalação de indústrias tem um efeito de curto prazo, pois gera renda. Mas, como a maioria dessas empresas não se instala no Nordeste com todo o seu aparato tecnológico, a tendência é, no médio prazo, perderem a competitividade. Assim, podem ter vida curta", acredita ele.
Um estudo feito pelo Banco Mundial (Bird), a pedido do governo do Ceará, recomenda, como primeira política de desenvolvimento, o investimento maciço em educação. O documento também diz que o Estado só deve incentivar a instalação de indústrias que absorvam mais mão-de-obra, estimulem as exportações e impulsionem outros setores da economia, como a agricultura.


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