São Paulo, Domingo, 11 de Julho de 1999
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PODER SUPREMO
ONU, OMC e BC mundial são pilares
Relatório defende "governo global"

do Conselho Editorial

Como era previsível em um organismo supranacional como a ONU, o relatório pede a ampliação do papel das organizações do gênero. Ou o que chama de "governança global", assim definida:
"Governança não significa mero governo. Significa um quadro legal, instituições e práticas estabelecidas que imponham limites e dêem incentivos ao comportamento dos indivíduos, organizações e empresas".
A defesa de organizações supranacionais vem amparada em dados que procuram demonstrar que os Estados nacionais têm crescentes dificuldades em implantar políticas que respondam a desafios que superam suas fronteiras.
A turbulência financeira que começou na Ásia é usada como o exemplo para a necessidade da "governança global", ao afirmar que "nenhum país pode, por si só, suportar seus caprichos (dos fluxos de capital de curto prazo)", apontados como responsáveis pela crise.
Também o crime organizado e os bilhões que movimenta (leia texto abaixo) são usados como argumento para defender "uma governança nacional e mundial mais forte para o bem-estar humano e não apenas para o mercado".

Pilares
Os pilares da "governança global" estariam dados pelas seguintes instituições: 1) "Uma ONU mais forte e mais coerente, que constitua um fórum com liderança mundial, voltado para preocupações humanas e de equidade"; 2) Um Banco Central mundial; 3) Uma Organização Mundial do Comércio "que assegure ao mesmo tempo o comércio internacional livre e justo, com um mandato extensivo à política de concorrência global".
A OMC já existe e já tenta fazer do comércio internacional uma atividade livre e justa, mas só agora começa a discutir a concorrência global, ou seja, de como evitar que determinados setores se tornem crescentemente oligopolizados (dominados por poucas empresas).
O relatório, aliás, cita o fato de que 86% do mercado de telecomunicações está nas mãos de apenas dez empresas.
Nessa nova OMC, segundo o relatório, caberia uma "agência mundial de meio ambiente", responsável, como é óbvio, por evitar a deterioração ambiental, igualmente crescente.
O relatório traça com cores muito fortes o que acontecerá no futuro imediato se não for adotada a "governança forte".
Diz o Pnud: "Os perigos de conflitos mundiais podem ser uma realidade no século 21: guerras comerciais para promover interesses nacionais e empresariais; volatilidade financeira sem controle, provocando conflitos civis; crime mundial fora de controle, contaminando comunidades seguras e criminalizando política, negócios e polícia". (CR)


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