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EUA têm mais micros que o resto do planeta
do Conselho Editorial
Os Estados Unidos têm mais
computadores que o resto do
mundo em conjunto.
Esse dado, por si só impressionante, induz a crer que a desigualdade apontada no relatório preparado pelo Pnud (Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento) tende não só a se perpetuar como a se agravar.
Afinal, a economia contemporânea depende, basicamente, do
conhecimento, o que implica estar conectado ao mundo, possibilidade aberta para poucos.
O relatório mostra que 91% dos
usuários da Internet, a rede mundial de computadores, são dos 29
países da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), que representam só 19% da população
mundial.
O gráfico de capa do relatório,
aliás, é exatamente a torta dos conectados, poucos, sobre o total
dos desconectados, a grande
maioria.
Outro dado impressionante do
relatório mostra a velocidade
crescente com que as inovações
tecnológicas se tornam domínio
de uma massa de consumidores:
o rádio precisou de 38 anos para
atingir a marca de 50 milhões de
usuários; a WWW (World Wide
Web, a rede mundial da Internet)
alcançou a mesma cifra em meros
quatro anos.
Rapidez
A Internet é "o meio de comunicação de crescimento mais rápido jamais visto", diz o relatório,
para lembrar que o número de
usuários deve crescer dos atuais
150 milhões para 700 milhões em
2001.
A rede é, obviamente, um formidável instrumento potencial
para o desenvolvimento, segundo
o documento da ONU.
"As redes de comunicações podem alimentar grandes avanços
na saúde e na educação. Podem,
também, dar mais poder aos pequenos atores sociais. (...) As barreiras de tamanho, tempo e distância estão diminuindo para as
pequenas empresas, os governos
dos países pobres, acadêmicos e
especialistas isolados", aponta o
Pnud.
Desigualdade
O problema, também com a Internet, é a profunda desigualdade
no acesso a ela.
O relatório dá este exemplo: um
cidadão de Bangladesh, que ganhasse o salário médio do país,
precisaria gastar o equivalente a
oito anos de salário para comprar
um computador, quando o norte-americano, também com salário
médio do país, gastaria um mês
de rendimento.
Outro obstáculo é o idioma:
80% dos endereços da Internet
são em inglês, que "só é falado por
uma pessoa em cada dez em todo
o mundo", constata o relatório.
Consequência: a criação do que
o relatório chama de "mundos
paralelos".
Segundo o documento, "aqueles que têm renda, educação e, literalmente, ligações, têm acesso
barato e instantâneo à informação. Ao restante, sobra o acesso
incerto, lento e caro".
Deriva dessa constatação a proposta de um "imposto bit", que financiaria acesso menos incerto,
mais rápido e mais barato à grande massa de desconectados do
mundo contemporâneo.
(CLÓVIS ROSSI)
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