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Valério diz que Azeredo sabia do empréstimo
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O publicitário Marcos Valério
Fernandes de Souza afirmou na
madrugada de ontem em depoimento na CPI do Mensalão, por
duas vezes, que Eduardo Azeredo, presidente nacional do PSDB,
sabia do empréstimo de R$ 8,35
milhões (valor original) que fizera
em nome da DNA Propaganda
para custear o "caixa dois" da
campanha do tucano à reeleição
ao governo de Minas.
Valério disse que, ao final daquela campanha, foi pessoalmente ao encontro de Azeredo lhe comunicar o empréstimo que sustentou o financiamento paralelo
da campanha e da dívida contraída que precisava ser saldada.
Naquela eleição, o então governador de Minas perdeu a disputa
para Itamar Franco (PMDB).
Azeredo continua negando que
soubesse do empréstimo.
Atribuiu a feitura desse esquema paralelo, cujo dinheiro era repassado via SMPB Comunicação,
agência de publicidade em que
Valério também é sócio, ao então
tesoureiro da sua campanha,
Cláudio Mourão.
As afirmativas de Marcos Valério ocorreram após duas intervenções de tucanos na madrugada de ontem na CPI do Mensalão,
quando o depoimento do publicitário mineiro já ultrapassava 12
horas de duração.
Os tucanos contestavam o envolvimento da campanha eleitoral de 1998 do PSDB naquela apuração.
O presidente do PSDB-MG, deputado federal Nárcio Rodrigues,
foi esclarecer os R$ 4.000 que a
SMPB doou para a campanha do
governador Aécio Neves (PSDB),
em 2004, conforme consta na
prestação de contas entregue à
Justiça Eleitoral.
Como essa doação foi citada na
CPI, Nárcio foi esclarecer que a
SMPB Comunicação comprou
quatro ingressos para um jantar
de arrecadação de fundos para
campanha eleitoral, a R$ 1.000 cada um, mas que Marcos Valério
não fora a esse evento, fato que o
publicitário confirmou no mesmo instante.
Críticas
Depois, Nárcio fez várias críticas
ao PT, à tentativa do partido de
desviar o foco das investigações
do "mensalão" e criticou os ex-ministros petistas José Dirceu e
Luiz Gushiken quando citou os
empréstimos que Valério fez ao
PT a pedido do ex-tesoureiro petista Delúbio Soares.
Terminada sua fala, Valério disse: "Deputado, com todo o respeito, as suas últimas palavras eu endosso todas. Que o ministro José
Dirceu sabia, que o Gushiken [sabia]... Mas não tenho provas, não
vi, não conversei. Isso são intuições e conversas que eu tive com o
sr. Delúbio. Agora, que o sr.
Eduardo Azeredo não sabia, essa
eu não endosso, não. Ele sabia,
sim senhor".
À 1h55, após o também deputado tucano Júlio Redecker (RS) fazer uso da palavra e isentar Azeredo, Valério comentou: "Com todo o respeito, eu vou endossar
suas palavras sobre a dignidade e
a honradez do sr. Eduardo Azeredo, mas só que, no final do processo da campanha, eu pessoalmente conversei com o sr. Eduardo Azeredo sobre a dívida".
O publicitário, então, reafirmou
que esse esquema paralelo começou quando, durante a campanha, o atual vice-governador de
Minas Gerais e candidato a vice
na chapa de Azeredo, Clésio Andrade, o procurou dizendo que o
tesoureiro da campanha, Cláudio
Mourão, iria procurá-lo.
Foi então que nasceu a idéia do
empréstimo, e que o publicitário
disse ter "tomado o cano".
No acordo com o Banco Rural
que liqüidou a dívida que já estava
em R$ 13,9 milhões, em abril de
2003, a DNA pagou R$ 2 milhões e
o restante foi pago em serviços de
publicidade para o banco, segundo Valério.
Mourão, por sua vez, foi à Justiça em novembro passado contra
Azeredo e Clésio para pedir indenização de R$ 3,5 milhões.
No último dia 3, um dia após o
presidente nacional do PSDB,
Eduardo Azeredo, ter ido espontaneamente à CPI dos Correios
expor sua versão, o ex-tesoureiro
desistiu da ação que tramitava no
ST (Supremo Tribunal Federal).
(PAULO PEIXOTO, SÍLVIA FREIRE e JOSÉ MASCHIO)
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