São Paulo, quinta-feira, 11 de agosto de 2005

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Perícia levanta suspeitas sobre Rural

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Uma perícia feita pela Polícia Federal nos dados enviados pelo Banco Rural à CPI dos Correios, com a movimentação financeira das empresas de Marcos Valério de Souza, levantou suspeitas de manipulação nos arquivos.
O estudo da PF, no entanto, não é conclusivo nem aponta se algum arquivo foi de fato apagado, como suspeitam parlamentares da comissão. A CPI afirma que falta a indicação de origem de pelo menos R$ 11,8 milhões em cerca de 50 movimentações das empresas de Valério no Rural - o que o banco nega.
"A hipótese de fraude nos documentos entregues às autoridades é nula e completamente absurda", informou o Banco Rural por meio de sua assessoria de imprensa (leia texto nesta página).
O relator da CPI dos Correios, Osmar Serraglio (PMDB-PR), alertou ontem para interpretações precipitadas e equivocadas que poderiam estar sendo feitas em relação ao estudo da PF.
"Aparentemente houve um grande equívoco na interpretação [de manipulação] do laudo dos 52 mil registros. 143 talvez estejam equivocados", disse o relator da CPI.
"Faço um alerta para que se tomem cuidado para não criar mais dificuldades a uma instituição financeira que já enfrenta muita dificuldade", completou Serraglio a respeito do Banco Rural.

CDs
A comissão entregou ao Instituto Nacional de Criminalística da PF, para análise, dois CDs com a movimentação das empresas DNA Propaganda Ltda. e SMPB Comunicação entre janeiro de 2000 e julho de 2005.
Os técnicos indicaram em quatro, de seis arquivos, divergência entre a quantidade de registros informadas no cabeçalho dos CDs e a quantidade de registros "efetivamente existentes no arquivo". A diferença, segundo os peritos, permite deduzir a possibilidade de que houve adulteração, mas a análise não conseguiu apontar com exatidão a existência de arquivos "apagados".
Os técnicos chegaram a essa conclusão ao aplicar uma fórmula matemática que levou em conta determinada capacidade de armazenamento de dados. "Aplicando-se a fórmula aos valores do cabeçalho dos arquivos analisados que contêm mais de 9.999 registros e que aparentemente conteriam mais registros que o indicado, foi possível constatar que o número de registros reais era menor que o indicado pelo campo "quantidade de registros", supondo-se verdadeiras as premissas verdadeiras", diz o relatório da Polícia Federal.
No entanto, essas conclusões não permitiram aos técnicos atestar a suposta fraude. No início do estudo, os próprios técnicos ressaltam: "Os CDs questionados foram analisados com o auxílio de software específico para determinar se foram efetuadas múltiplas seções de gravação e se havia arquivos "apagados" correspondentes a seções de gravação anteriores. Como resultado, constatou-se que os dois discos continham apenas uma seção de gravação, sem arquivos "apagados'".
Os peritos também detectaram divergência em uma etiqueta do arquivo que trata da movimentação da DNA Propaganda. O período indicado na etiqueta era de 3 de janeiro de 2000 a 7 de julho de 2005, enquanto o período efetivo dos registros ia de 3 de janeiro de 2000 a 30 de junho de 2005.
(RUBENS VALENTE)


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