São Paulo, quinta-feira, 11 de agosto de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/EM VIAGEM

Presidente visita cidades do Tocantins e participa de cinco eventos em um só dia

Prefiro perder voto a perder a vergonha, afirma Lula

EDUARDO SCOLESE
ENVIADO ESPECIAL A PEIXE E A GURUPI (TO)

CONRADO CORSALETTE
ENVIADO ESPECIAL A PALMAS

A pouco mais de um ano das eleições, mas já em clima de campanha eleitoral, Luiz Inácio Lula da Silva visitou ontem quatro cidades do Tocantins, fez discursos em todos os eventos, abraçou populares, voltou a atacar a gestão Fernando Henrique Cardoso e disse que os governantes brasileiros precisam "mostrar seriedade" para atrair o capital externo.
Sem se referir à crise política, Lula ouviu reivindicações de políticos e eleitores, prometeu estudá-las, mas relembrou da eleição de 1989, quando, diz ele, deixou de fazer promessas que não tinha certeza se poderia cumpri-las.
"Eu sou daqueles que preferem perder o voto a perder a vergonha", disse Lula, na festa de inauguração do Hospital Geral de Palmas. No evento -um dos cinco dos quais participou ontem no Estado- o presidente teve de lidar com uma platéia inquieta, que não poupou vaias aos parlamentares ligados ao ex-governador Siqueira Campos que participaram da inauguração do hospital.
Ontem, Lula visitou dois trechos em obras de rodovias federais (Aparecida do Rio Negro e Gurupi), participou da inauguração do hospital em Palmas e vistoriou as obras de uma usina hidrelétrica (Peixe), onde, ao citar o apagão ocorrido em 2001 no país, aproveitou para atacar o governo tucano de FHC (1995-2002).
"Aquilo [o apagão] foi uma vergonha nacional [...]. Mas nunca mais no país haverá apagão, porque o apagão é a negação do discurso desenvolvimentista que alguns fazem", disse o presidente, num calor de quase 40 diante de cerca de 500 operários que atuam na construção da Usina Hidrelétrica Peixe Angical.
Os ataques a seu antecessor ocorrem justamente quando os próprios auxiliares de Lula avaliam que o atual momento deve ser usado para criar um clima de governabilidade no país, e não insistir em críticas via palanques, como o ocorrido na semana passada em Pernambuco, quando Lula disse "eles [oposição] vão ter que me engolir outra vez".
Ontem, em Peixe (380 km de Palmas), o presidente não citou diretamente a atual turbulência política do país nem as denúncias de corrupção contra o governo e seu partido, o PT. Porém cobrou "seriedade" de todos os governantes. "Para convencê-los [os empresários estrangeiros] a virem para o Brasil, nós temos que, primeiro, mostrar seriedade."

Discurso no asfalto
Mais tarde, em Gurupi (300 km da capital do Estado), onde foi visitar as obras de recuperação da BR-153 (Belém-Brasília), o presidente voltou a dizer que vai manter o atual ritmo de viagens pelo país, mesmo sob as críticas da oposição, que o acusam de usar a máquina para fazer campanha.
"Nós ainda vamos continuar viajando pelo Brasil pra mostrar as coisas que estamos fazendo. Porque muitas vezes as pessoas não querem enxergar", disse Lula, para cerca de 2.000 pessoas que se amontoaram ao redor de um minipalanque montado sobre o asfalto da rodovia. Desde que finalizou sua segunda reforma ministerial, em meados do mês passado, Lula já visitou 18 cidades, com média de quase uma a cada dia.
Ontem, em Gurupi, o presidente mais uma vez quebrou o protocolo para agradar o público presente ao evento. Tanto antes como depois de sua fala, Lula permaneceu por cerca de dez minutos colado numa grade para beijar, abraçar, dar autógrafos e falar com os presentes. Diante de fotógrafos, porém, Lula fingiu não ver três bandeiras petistas que manifestantes tentavam lhe entregar.


Texto Anterior: Toda Mídia - Nelson de Sá: Nenhuma lista nova
Próximo Texto: Aliados de Lula dão transporte e lanche ao público
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.