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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/EM VIAGEM
Presidente visita cidades do Tocantins e participa de cinco eventos em um só dia
Prefiro perder voto a perder a vergonha, afirma Lula
EDUARDO SCOLESE
ENVIADO ESPECIAL A PEIXE E A GURUPI (TO)
CONRADO CORSALETTE
ENVIADO ESPECIAL A PALMAS
A pouco mais de um ano das
eleições, mas já em clima de campanha eleitoral, Luiz Inácio Lula
da Silva visitou ontem quatro cidades do Tocantins, fez discursos
em todos os eventos, abraçou populares, voltou a atacar a gestão
Fernando Henrique Cardoso e
disse que os governantes brasileiros precisam "mostrar seriedade"
para atrair o capital externo.
Sem se referir à crise política,
Lula ouviu reivindicações de políticos e eleitores, prometeu estudá-las, mas relembrou da eleição de
1989, quando, diz ele, deixou de
fazer promessas que não tinha
certeza se poderia cumpri-las.
"Eu sou daqueles que preferem
perder o voto a perder a vergonha", disse Lula, na festa de inauguração do Hospital Geral de Palmas. No evento -um dos cinco
dos quais participou ontem no
Estado- o presidente teve de lidar com uma platéia inquieta, que
não poupou vaias aos parlamentares ligados ao ex-governador Siqueira Campos que participaram
da inauguração do hospital.
Ontem, Lula visitou dois trechos em obras de rodovias federais (Aparecida do Rio Negro e
Gurupi), participou da inauguração do hospital em Palmas e vistoriou as obras de uma usina hidrelétrica (Peixe), onde, ao citar o
apagão ocorrido em 2001 no país,
aproveitou para atacar o governo
tucano de FHC (1995-2002).
"Aquilo [o apagão] foi uma vergonha nacional [...]. Mas nunca
mais no país haverá apagão, porque o apagão é a negação do discurso desenvolvimentista que alguns fazem", disse o presidente,
num calor de quase 40 diante de
cerca de 500 operários que atuam
na construção da Usina Hidrelétrica Peixe Angical.
Os ataques a seu antecessor
ocorrem justamente quando os
próprios auxiliares de Lula avaliam que o atual momento deve
ser usado para criar um clima de
governabilidade no país, e não insistir em críticas via palanques,
como o ocorrido na semana passada em Pernambuco, quando
Lula disse "eles [oposição] vão ter
que me engolir outra vez".
Ontem, em Peixe (380 km de
Palmas), o presidente não citou
diretamente a atual turbulência
política do país nem as denúncias
de corrupção contra o governo e
seu partido, o PT. Porém cobrou
"seriedade" de todos os governantes. "Para convencê-los [os
empresários estrangeiros] a virem para o Brasil, nós temos que,
primeiro, mostrar seriedade."
Discurso no asfalto
Mais tarde, em Gurupi (300 km
da capital do Estado), onde foi visitar as obras de recuperação da
BR-153 (Belém-Brasília), o presidente voltou a dizer que vai manter o atual ritmo de viagens pelo
país, mesmo sob as críticas da
oposição, que o acusam de usar a
máquina para fazer campanha.
"Nós ainda vamos continuar
viajando pelo Brasil pra mostrar
as coisas que estamos fazendo.
Porque muitas vezes as pessoas
não querem enxergar", disse Lula,
para cerca de 2.000 pessoas que se
amontoaram ao redor de um minipalanque montado sobre o asfalto da rodovia. Desde que finalizou sua segunda reforma ministerial, em meados do mês passado,
Lula já visitou 18 cidades, com
média de quase uma a cada dia.
Ontem, em Gurupi, o presidente mais uma vez quebrou o protocolo para agradar o público presente ao evento. Tanto antes como depois de sua fala, Lula permaneceu por cerca de dez minutos colado numa grade para beijar, abraçar, dar autógrafos e falar
com os presentes. Diante de fotógrafos, porém, Lula fingiu não ver
três bandeiras petistas que manifestantes tentavam lhe entregar.
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