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Ex-chefe da Receita fantasiou reunião com Dilma, diz Lula
Ministra também nega encontro com Lina Maria Vieira para tratar de caso dos Sarney
Senador afirma não crer que Dilma tenha intercedido para apressar investigação contra sua família e diz que nunca pediu isso à ministra
Ivanízio Ramos/Divulgação/Governo do RN
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DILMA E WILMA
Dilma Rousseff é recebida pela governadora Wilma de Faria (PSB) em Natal, onde exaltou em evento o Bolsa Família, o reajuste do salário mínimo, o Plano Safra, a redução do IPI, entre outros carros-chefes do governo; na periferia, a ministra distribuiu beijos e tirou fotos com crianças
ELIANE CANTANHÊDE
ENVIADA ESPECIAL A QUITO
LETÍCIA SANDER
ENVIADA ESPECIAL A NATAL
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou de "fantasia" a declaração da ex-chefe da
Receita Lina Maria Vieira de
que a ministra Dilma Rousseff
(Casa Civil) pediu que a investigação feita pelo órgão nas empresas da família Sarney fosse
concluída rapidamente.
Dilma, em visita a Natal ontem, negou ter se encontrado a
sós com Lina e disse que nunca
tratou desse assunto com ela.
Em reportagem publicada
anteontem pela Folha, Lina
afirmou que foi chamada para
um encontro a sós com Dilma
no final do ano passado. A ex-secretária diz ter interpretado
o pedido como um recado para
encerrar a investigação.
Em setembro de 2008, a Receita recebeu um despacho do
juiz Ney Bello Filho (1ª Vara
Federal do Maranhão) determinando a ampliação de auditoria que o fisco conduzia havia
um ano nas empresas dos Sarney. No ofício, o juiz se dizia insatisfeito com o resultado até
ali, conduzido pela administração do antecessor de Lina, o ex-secretário Jorge Rachid.
Em outubro, já na gestão de
Lina, a Receita passou a montar um grupo especial, com auditores de fora do Maranhão,
para reforçar fiscalização no
clã Sarney. Segundo a ex-secretária da Receita, semanas depois ela foi chamada por Dilma.
"Eu não fiz esse pedido", afirmou a ministra Dilma, acrescentando: "Olha, eu encontrei
com a secretária da Receita várias vezes, com outras pessoas
junto, em grandes reuniões.
Essa reunião privada a que ela
se refere... eu não tive com ela".
Dilma disse que não tinha
como "classificar" a declaração
de Lina. "Não vou ficar fazendo
interpretação subjetiva dela" e
negou ter tido ingerência sobre
a demissão da ex-secretária.
Já o presidente Lula, em entrevista em Quito, no Equador,
depois de participar de reunião
de cúpula da Unasul (União das
Nações Sul Americanas), disse
que "quem construiu essa fantasia, essa história, em algum
momento vai ter de dizer que
foi um ledo engano".
Lembrado que foi a própria
Lina quem contou o episódio
numa entrevista publicada, Lula reagiu: "Minha filha, eu não
sei se a Lina falou ou não, você
é que está me falando. De domingo, eu não leio jornal. Na
segunda-feira, eu ouço informações. Eu só digo uma coisa:
duvido que a Dilma tenha conversado com a Lina sobre qualquer assunto desse. Duvido".
Lula ainda ironizou: "Pode
escrever uma matéria escrito
assim embaixo: "Erramos'". Referia-se à seção da Folha, com
correções sobre informações
divulgadas pelo jornal.
Ele também disse que não
conversou com a ministra, que
é pré-candidata do PT à sua sucessão em 2010, e insinuou que
nem pretende fazê-lo.
"Eu não conversei com a Dilma nem hoje [ontem], nem ontem [anteontem], nem anteontem [sábado], nem "trasantontem" [sexta]", disse. Insistiu,
porém, que não acredita na declaração de Lina, que foi demitida da Receita pelo ministro
da Fazenda, Guido Mantega.
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), ao ser
questionado se achava possível
que Dilma tivesse procurado a
secretária para pedir-lhe que
encerasse a investigação, respondeu: "Acho que não". Foi
enfático ao responder que ele
não pediu nada a ministra nesse sentido. "Nunca, nunca."
Conselho de Ética
Lula também negou ter interesse num desfecho rápido dos
processos contra Sarney no
conselho. "O Senado tem maioridade e tem instrumentos para
fazer as investigações que entender que deva fazer." Apesar
de já ter feito uma série de manifestações sobre a crise na Casa, ontem disse que "não cabe a
um presidente ficar dando palpite nas instâncias de investigação do Senado".
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