São Paulo, terça-feira, 11 de setembro de 2001

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MILITARES

"Geisel realmente consolidou a industrialização", afirma José Dirceu

Dirigente do PT elogia Geisel na ESG

ANTONIO CARLOS DE FARIA
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente licenciado do PT, deputado federal José Dirceu, fez ontem uma palestra na ESG (Escola Superior de Guerra) na qual elogiou o papel de Ernesto Geisel na consolidação do parque industrial do Brasil. Geisel, que governou de 1974 a 1979, foi o penúltimo presidente do regime militar.
"O governo do general Geisel realmente consolidou a industrialização brasileira, com a implantação da indústria de bens e equipamentos", disse Dirceu, ressaltando que o crescimento promovido pelo regime militar teve um "custo muito grande em termos de restrição à liberdade".
Em julho passado, Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato do PT à Presidência, já havia elogiado os governos militares, dizendo que, ao contrário da administração de Fernando Henrique Cardoso, eles tinham um projeto de investimentos para o país.
A palestra de Dirceu foi recheada de alusões à soberania do Brasil e à necessidade de uma política nacionalista. Ele se referiu à ameaça de internacionalização da Amazônia e defendeu a manutenção da Petrobras como estatal. São temas de interesse dos setores próximos da ESG, um centro de estudos e debates que tem o propósito de elaborar um pensamento estratégico sobre o país.
"Por acaso as Forças Armadas, durante o período da ditadura, pensavam em um país pequeno? Pelo contrário, pensavam em criar uma potência", disse o deputado, que, no entanto, afirmou que o regime militar planejou o crescimento sem pensar na distribuição de renda e na resolução dos problemas sociais brasileiros.
"O crescimento no período militar foi feito com um custo muito grande de restrições da liberdade e sem promover reformas históricas que o país ainda precisa, como as reformas tributária, fiscal e agrária", afirmou Dirceu, que nos anos 70 viveu no exílio em Cuba e voltou clandestinamente ao Brasil, só recobrando sua verdadeira identidade com a anistia, em 1979.
José Dirceu disputa no próximo domingo o terceiro mandato consecutivo na presidência do PT e espera conseguir 60% dos votos de cerca de 300 mil filiados que deverão votar em todo o país.



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