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A CENA
Nervosismo não abala militante
LUIZ FERNANDO RAMOS
ESPECIAL PARA A FOLHA
A cena é conhecida. Um espaço
de debate com jornalistas argutos
e uma platéia de correligionários.
É a estréia de uma série, e o nervosismo do ambiente não atrapalha
a militante experiente.
A cadeira mais alta, um acidente, incomoda mas não gera mudanças no script. Diligente, a candidata desempenha com a costumeira competência a exposição
do programa de governo. Entusiasma-se com os projetos.
Reconhecimento de dificuldades: a cadeira é ajustada. Os pés
chegam ao chão e, com as primeiras perguntas, o sangue ilumina
as faces. A mulher vivida revela
destemor frente à objetividade
jornalística. Quixote sem Rocinante, agora ela clama no deserto
e denuncia a surdez dos interlocutores às suas posições. Na parede, pergunta se a questão é exclui-la da eleição. Um dos contendores, no palco, aplaude.
Luiz Fernando Ramos, 47, é professor
de Teoria do Teatro do Departamento de
Artes Cênicas da USP
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