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ELEIÇÕES 2004/CAMPANHA
Ex-prefeito reclama que não foi ouvido
pelo jornal, mas volta a criticar tucano
Maluf nega pacto com PT para atacar Serra em SP
CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL
O candidato do PP à Prefeitura
de São Paulo, Paulo Maluf, negou
ontem que tenha feito um pacto
com o PT para atacar José Serra
(PSDB) e poupar Marta Suplicy
(PT), candidata à reeleição.
Bastante irritado, Maluf criticou
o repórter especial da Folha, Kennedy Alencar, autor da reportagem, e disse que, se tivesse sido
ouvido, "o leitor da Folha e o eleitor de São Paulo seriam privados
de ler tantas inverdades".
Na edição de ontem, a Folha informou que o acordo entre Paulo
Maluf e o PT vinha sendo costurado há mais de um mês entre aliados do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, e o próprio candidato e teria sido selado na semana
passada.
Em troca dos ataques ao tucano,
Maluf seria poupado, dentro dos
limites legais, na CPI do Banestado, que tem como relator o deputado federal José Mentor (PT-SP),
homem de confiança de Dirceu e
ex-vereador em São Paulo.
Maluf insistiu que, se tivesse sido escutado, "teria evitado de a
Folha dar uma grande barriga
[notícia errada, no jargão jornalístico] e afirmar certas mentiras a
seus eleitores".
"Ele [o jornalista] não ouviu o
outro lado. Ele que faça agora a
gentileza de telefonar para o Adilson Laranjeira [assessor de imprensa de Maluf] para nos ouvir.
Ele é quem vai ter de nos ouvir.
Não sou eu quem serei empregado dele nem funcionário dele nem
repercutidor das mentiras dele."
Dona Marta
Apesar de negar o acordo com o
PT, ontem Maluf voltou a criticar
o candidato do PSDB. Questionado sobre o que pensava da declaração da prefeita, que acusou Serra de ser "extremamente machista" por chamá-la reiteradamente
de "dona Marta", Maluf disse
considerar "um crime grave"
ofender uma mulher. "Acho que
o Serra tinha de, no mínimo, respeitar a condição de mulher."
Na campanha de 2000, Maluf
cunhou a expressão "dona Marta
do PT". Toda vez que se dirigia a
ela, em entrevistas, chamava-a
dessa maneira. No discurso da vitória, em 29 de outubro daquele
ano, a prefeita acabou usando o
mote. "Sim, sim, sim, a dona Marta é do PT. Ela é também a nova
prefeita de São Paulo."
O candidato do PP também voltou a criticar Serra pelo aumento
da dívida da Prefeitura de São
Paulo. "As agressões que fazem a
mim, e fazem até a Marta, sobre o
aumento da dívida da prefeitura
eu digo e provo aritmeticamente
(...) que ela subiu por causa dos
juros pornográficos da dupla Serra e [Pedro] Malan [ex-ministro
da Fazenda]."
Maluf visitou ontem a Sociedade Beneficente Muçulmana, na
avenida do Estado, no Cambuci.
Ele participou das orações do
meio-dia e de um almoço. O candidato emocionou-se ao relembrar a história de seu pai, Salim
Farah Maluf, que chegou ao Brasil
em 1910, "com US$ 6 no bolso".
"Sinto-me entre os meus parentes, que são vocês, da comunidade
muçulmana", afirmou o candidato. O presidente em exercício da
Sociedade Beneficente Muçulmana, Feres Amin, disse que Maluf
"está com um saldo credor no dia
do julgamento".
Para Amin, "toda vez que Maluf
ganha, a comunidade muçulmana se alegra, e toda derrota sofrida
por ele entristece a comunidade".
Maluf ganhou um terço da presidente do departamento feminino
da Sociedade, Bidour Najjar.
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