São Paulo, sábado, 11 de setembro de 2004

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ELEIÇÕES 2004/CAMPANHA

Ex-prefeito reclama que não foi ouvido pelo jornal, mas volta a criticar tucano

Maluf nega pacto com PT para atacar Serra em SP

CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL

O candidato do PP à Prefeitura de São Paulo, Paulo Maluf, negou ontem que tenha feito um pacto com o PT para atacar José Serra (PSDB) e poupar Marta Suplicy (PT), candidata à reeleição.
Bastante irritado, Maluf criticou o repórter especial da Folha, Kennedy Alencar, autor da reportagem, e disse que, se tivesse sido ouvido, "o leitor da Folha e o eleitor de São Paulo seriam privados de ler tantas inverdades".
Na edição de ontem, a Folha informou que o acordo entre Paulo Maluf e o PT vinha sendo costurado há mais de um mês entre aliados do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, e o próprio candidato e teria sido selado na semana passada.
Em troca dos ataques ao tucano, Maluf seria poupado, dentro dos limites legais, na CPI do Banestado, que tem como relator o deputado federal José Mentor (PT-SP), homem de confiança de Dirceu e ex-vereador em São Paulo.
Maluf insistiu que, se tivesse sido escutado, "teria evitado de a Folha dar uma grande barriga [notícia errada, no jargão jornalístico] e afirmar certas mentiras a seus eleitores".
"Ele [o jornalista] não ouviu o outro lado. Ele que faça agora a gentileza de telefonar para o Adilson Laranjeira [assessor de imprensa de Maluf] para nos ouvir. Ele é quem vai ter de nos ouvir. Não sou eu quem serei empregado dele nem funcionário dele nem repercutidor das mentiras dele."

Dona Marta
Apesar de negar o acordo com o PT, ontem Maluf voltou a criticar o candidato do PSDB. Questionado sobre o que pensava da declaração da prefeita, que acusou Serra de ser "extremamente machista" por chamá-la reiteradamente de "dona Marta", Maluf disse considerar "um crime grave" ofender uma mulher. "Acho que o Serra tinha de, no mínimo, respeitar a condição de mulher."
Na campanha de 2000, Maluf cunhou a expressão "dona Marta do PT". Toda vez que se dirigia a ela, em entrevistas, chamava-a dessa maneira. No discurso da vitória, em 29 de outubro daquele ano, a prefeita acabou usando o mote. "Sim, sim, sim, a dona Marta é do PT. Ela é também a nova prefeita de São Paulo."
O candidato do PP também voltou a criticar Serra pelo aumento da dívida da Prefeitura de São Paulo. "As agressões que fazem a mim, e fazem até a Marta, sobre o aumento da dívida da prefeitura eu digo e provo aritmeticamente (...) que ela subiu por causa dos juros pornográficos da dupla Serra e [Pedro] Malan [ex-ministro da Fazenda]."
Maluf visitou ontem a Sociedade Beneficente Muçulmana, na avenida do Estado, no Cambuci. Ele participou das orações do meio-dia e de um almoço. O candidato emocionou-se ao relembrar a história de seu pai, Salim Farah Maluf, que chegou ao Brasil em 1910, "com US$ 6 no bolso".
"Sinto-me entre os meus parentes, que são vocês, da comunidade muçulmana", afirmou o candidato. O presidente em exercício da Sociedade Beneficente Muçulmana, Feres Amin, disse que Maluf "está com um saldo credor no dia do julgamento".
Para Amin, "toda vez que Maluf ganha, a comunidade muçulmana se alegra, e toda derrota sofrida por ele entristece a comunidade". Maluf ganhou um terço da presidente do departamento feminino da Sociedade, Bidour Najjar.


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