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CASO MALUF
Objetivo de prisão de ex-prefeito é evitar interferência em investigação
Depois de Maluf se entregar, seu filho chega algemado à PF
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Flávio Maluf, filho do ex-prefeito Paulo Maluf (PP) foi preso ontem, às 8h30, na sede da Polícia
Federal em São Paulo. Ao contrário do pai, que se entregou na madrugada de ontem, antes mesmo
de receber oficialmente voz de
prisão, Flávio chegou algemado e
dentro de um carro policial, escoltado por três veículos, todos com
as sirenes ligadas.
Pai e filho tiveram a prisão preventiva decretada na noite de anteontem pela juíza da 2ª Vara Federal de São Paulo, Sílvia Maria
Rocha, que entendeu que, em liberdade, os Maluf poderiam atrapalhar o período de instrução penal, quando são ouvidas as testemunhas de acusação e de defesa.
Esse período de instrução é fixado em 81 dias, tempo máximo que
pode durar a prisão preventiva.
Contra Paulo Maluf e Flávio foi
aberto um processo penal por
acusação de lavagem de dinheiro,
evasão de divisas, corrupção passiva e formação de quadrilha. A
soma das penas mínimas desses
crimes é de oito anos.
Se pai e filho não tivessem sido
flagrados em escutas telefônicas
tentando impedir o depoimento
do doleiro Vivaldo Alves, conhecido como Birigüi, à Polícia Federal, provavelmente eles responderiam ao processo em liberdade.
Birigüi, que também é réu no
processo criminal, acusado também pelos quatro crimes, confessou ter movimentado aproximadamente US$ 161 milhões do ex-prefeito no exterior, recebeu diversos telefonemas de Flávio.
Pelas conversas gravadas, a juíza federal entendeu que os Maluf
tentaram convencer o doleiro a
não depor na Polícia Federal.
A prisão
Maluf se entregou na sede da
Polícia Federal à 0h20 de ontem.
Visivelmente abatido, ele chegou
ao lado de advogados e seguranças em um Santana preto. O ex-prefeito, que havia passado a semana em sua mansão de inverno
em Campos do Jordão, não conversou com jornalistas. Ele entrou
carregando uma bolsa de mão.
À 1h30, Maluf foi conduzido em
carro policial ao IML (Instituto
Médico Legal) para exame de corpo de delito. No prédio, ele cumprimentou funcionários e andou
livremente. O ex-prefeito voltou à
PF cerca de uma hora depois.
Às 4h30, o advogado criminalista José Roberto Leal chegou à sede
da PF com colchão, travesseiro,
cobertor, jogo de lençóis, toalha
de banho e de rosto, pasta e escova de dentes e sabonete, além de
pacotes de biscoito.
Paulo Maluf ficou em uma cela
especial, de 12 metros quadrados,
com três camas de alvenaria e
uma mesa também de alvenaria.
No chão há uma latrina e, sobre
ela, um chuveiro. O local é vigiado
por câmeras 24 horas e a porta
tem trava elétrica.
Ontem de manhã, o assessor
Roque Carneiro, que trabalha há
38 anos com Maluf, levou uma
mala grande com roupas, produtos de higiene e livros.
Flávio, que chegou às 8h30 de
ontem, foi conduzido em seguida
para o IML, onde permaneceu
cerca de uma hora. Ele e o pai, que
têm nível escolar superior, vão
permanecer juntos na cela.
Às 11h30, a família enviou para
Flávio mala com roupas, colchão,
travesseiro, lençóis e toalhas.
O choro
Escoltado por agentes da PF,
Flávio chorou quando encontrou
com o pai na ante-sala em que o
ex-prefeito conversava com o advogado dele sobre possíveis recursos contra a prisão preventiva.
O filho narrou o momento em
que policiais entraram em sua fazenda, em Dourado (278 km de
SP), o vôo de helicóptero até São
Paulo, em que ele foi o co-piloto, e
a voz de prisão que recebeu após
chegar ao heliporto do Morumbi.
Disse que logo foi algemado.
Maluf deu um beijo em Flávio, a
quem chamou de "meu amor".
Disse depois que a prisão era injusta. "E todos sabem disso", afirmou o ex-prefeito em voz alta.
Colaborou MARCELO SALINAS, da
Redação
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