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Vamos tirar a segurança da agenda eleitoral, diz Tarso
Ministro afirma que o assunto tem de ser transformado em "agenda do Estado'
Ontem, na posse dos novos secretários da Segurança Pública e da Justiça, Tarso defende mais discrição com os suspeitos em ações da PF
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ao encerrar a solenidade de
posse dos novos secretários nacionais de Segurança Pública,
Antonio Carlos Biscaia, e de
Justiça, Romeu Tuma Júnior, o
ministro Tarso Genro (Justiça)
disse ontem que vai retirar o tema segurança pública das
"agenda eleitoral" e transformá-lo em "agenda de Estado".
"Vamos fazer com a Justiça o
que fizemos com a Educação,
que retiramos da agenda eleitoral e transformamos em agenda
de Estado. Vamos retirar a
agenda da segurança pública do
contencioso eleitoral e tratá-la
como uma questão de Estado",
afirmou o ministro.
É mais uma estocada de Tarso na gestão do antecessor,
Márcio Thomaz Bastos. Antes,
ele já defendera mais discrição
com os suspeitos em ações da
Polícia Federal, que teve a direção trocada semana passada.
Tarso ainda contemporizou,
dizendo que as mudanças, que
abrangem a Direção Geral da
Polícia Federal e da Abin
(Agência Brasileira de Inteligência), nem precisavam ser
feitas, porque a equipe vinha
trabalhando bem e foi capaz de,
em pouco tempo, elaborar e
apresentar o Pronasci (Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania). O programa é o carro-chefe da gestão
do petista, com investimentos
de R$ 6,7 bilhões previstos para
os próximos quatro anos.
Responsável pela introdução
do termo "concertação" no governo, quando era responsável
pelo chamado Conselhão, Tarso novamente sacou um termo
pouco usual ("recoesão") para
tentar explicar a necessidade
do Pronasci.
"Há um processo de recoesão
social no país, que precisa vir
acompanhado de uma nova política de segurança pública,
porque ninguém se recoesiona
sem segurança, mas sim a partir da confiança nas suas instituições republicanas, entre as
quais a Justiça e a polícia."
Ainda no discurso, Tarso negou divergências com o ex-diretor da PF, delegado Paulo Lacerda, que deve assumir a direção da Abin nesta semana.
"Acho que nem eu nem o sr.
[Lacerda] sabíamos de tantas
divergências que tivemos e que
têm saído pela imprensa. Eu
não me lembro de nenhuma.
Creio que o sr. também não."
Ao tomar posse na SNJ (Secretaria Nacional de Justiça),
que ficou vaga com a ida de Biscaia para a Senasp, Romeu Tuma Júnior, filiado ao PMDB,
anunciou uma ação do órgão
para combater a lavagem de dinheiro nos esportes de massa,
principalmente o futebol, e se
comprometeu a ampliar a atuação do órgão para as ações
apoio aos imigrantes.
Em entrevista, Tuma Júnior,
que é delegado de Polícia Civil,
negou que sua nomeação tenha
sido uma troca na composição
política do governo com o
PMDB. "Desculpem pela falta
momentânea de modéstia. Sou
um veterano delegado de polícia que se sente à vontade neste
teatro de operações".
O secretário apresentou também como foco de sua administração a recuperação de ativos
obtidos mediante prática de
crime. "Aplicaremos aos corruptos e corruptores, assim como à bandidagem organizada, o
castigo que mais temem: perda
do dinheiro e patrimônio que
conseguiram amealhar com
ações escusas."
Em seguida, apresentou o
que definiu como seu sentimento em relação à corrupção.
"Todo homem que se vende,
sempre recebe mais do que vale, mesmo que seja uma moeda
que o compre", afirmou o novo
secretário.
A Senasp, agora comandada
por Biscaia, ficou vaga com a
saída de Luiz Fernando Corrêa,
que assumiu a PF no lugar de
Lacerda. O novo secretário tem
como principal missão coordenar, em parceria com os Estados, os projetos e investimentos na área de segurança.
(ANDRÉA MICHAEL)
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