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JUSTIÇA
Para delegado, houve ação do tráfico no assassinato de Leopoldino Amaral, que acusava o TJ de MT
PF associa morte de juiz a traficantes
ROBERTO SAMORA
da Agência Folha, em Cuiabá
JAIRO MARQUES
da Agência Folha
O superintendente regional interino da Polícia Federal em Mato
Grosso, Jorge Luiz Bezerra, disse
ontem que as investigações realizadas até agora pela Polícia Federal revelam que o juiz Leopoldino
Marques do Amaral pode ter sido
assassinado por narcotraficantes.
""Sem dúvida há ligação com o
narcotráfico", disse. Bezerra, porém, não descarta a possibilidade
do envolvimento no crime de pessoas não ligadas ao tráfico.
O superintendente afirmou que
as investigações estão adiantadas.
O ex-policial Maurício Marques
Viveiro, preso anteontem, continua detido. A polícia acredita que
ele pode estar envolvido no assassinato -o que ele nega.
Amaral havia acusado, em documento entregue à CPI do Judiciário, desembargadores do TJ
(Tribunal de Justiça) de Mato
Grosso de várias irregularidades,
como contratações ilegais, ""venda" de sentenças para traficantes
e nepotismo. Os desembargadores negam todas as acusações.
O corpo do juiz foi encontrado
na manhã de terça-feira em Concepción, no Paraguai. Ele foi atingido por dois tiros um na nuca e
outro no ouvido esquerdo. O corpo, encontrado em uma estrada
de terra, estava parcialmente carbonizado e o rosto desfigurado.
A Polícia Federal passou a noite
de anteontem e toda a manhã de
ontem ouvindo o depoimento do
ex-policial Viveiro, preso em
Ponta Porã (MS), a 200 km de onde o corpo do juiz foi encontrado.
O motivo alegado para a prisão
foi o de porte ilegal de armas
-ele carregava uma pistola de fabricação tcheca.
Mas a polícia suspeita também
que ele esteja envolvido no assassinato do juiz Amaral. Segundo a
PF, ele é acusado de cinco homicídios e seria um ""pistoleiro". Viveiro nega.
O secretário da Segurança Pública de Mato Grosso, Hilário
Mozer Neto, afirmou que a polícia já sabe o nome do homem que
rondava o hotel Beira-Rio, na
noite de sexta-feira, quando o juiz
foi visto pela última vez.
Essa pessoa, cujo retrato falado
foi divulgado anteontem, não foi
identificada pela polícia.
O secretário da Segurança disse
ontem que a Polícia Militar está
dando proteção à mulher do juiz
Amaral. Rosemar Monteiro voltou ontem da Suíça para participar do enterro ocorrido em Poconé, cidade natal do juiz.
Na saída do cortejo de Cuiabá
para Poconé, as pessoas que estavam no local gritaram palavras de
ordem contra o TJ.
Participaram ontem do enterro
do juiz cerca de 1.500 pessoas, segundo a Prefeitura de Poconé.
O corpo foi levado ao cemitério
São Francisco por volta das 14h.
Vários grupos sociais professores, poetas, advogados que compareceram ao enterro levaram
faixas e cartazes com dizeres pedindo apuração.
"Ainda estamos indignados e
estarrecidos com tudo isso. Nossa
luta agora é por justiça. Esta perda não poderá ficar impune", disse o prefeito de Poconé, Luiz Vicente Falcão.
O governador Dante de Oliveira
(PSDB) esteve presente, assim como alguns secretários de Estado.
Segundo a assessoria da Prefeitura de Poconé, nenhum representante do Tribunal de Justiça de
Mato Grosso foi visto na cidade.
O ministro da Justiça, José Carlos Dias, disse ontem que a PF vai
continuar a apuração do caso.
"Estamos fazendo algo além das
atribuições da PF", declarou Dias,
para quem a polícia de Mato
Grosso deveria apurar a morte do
juiz Amaral.
Colaborou a Agência Folha
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