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DIPLOMACIA
Autoridades brasileiras rejeitam repassar comando, e seguranças vão apenas acompanhar controladores
EUA queriam controlar o tráfego aéreo
WILLIAM FRANÇA
RENATA GIRALDI
da Sucursal de Brasília
As exigências
da comitiva
norte-americana para a visita
de Bill Clinton
incluíam o controle do sistema
de tráfego aéreo
desde o momento em que o Air
Force One, o avião do presidente
dos EUA, entrasse no espaço aéreo
brasileiro, na noite de segunda, até
a sua saída, na quarta à tarde.
O pedido foi considerado "exagerado, desproposital e uma interferência militar indevida" pelos
oficiais da Aeronáutica que controlam o Cindacta (Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle
de Tráfego), em Brasília.
A decisão de não permitir que esse controle fosse feito pelos norte-americanos foi tomada após
consulta ao presidente Fernando
Henrique Cardoso.
O que se permitiu é que os agentes de segurança de Clinton acompanhem, no Cindacta, a movimentação do Air Force One. Mas
eles não terão poder de ingerência
no sistema de radares.
Entre os militares brasileiros, a
imposição norte-americana é analisada com surpresa, pois muitos
oficiais que trabalham no controle
do espaço aéreo recebem treinamentos específicos nos EUA.
A Folha apurou que um dos motivos que poderiam ter levado a esse pedido foi um manual da empresa aérea norte-americana American Airlines, o "Guia para Pilotos para a América Latina".
Nele aparecem discriminadas
atitudes específicas que devem ser
empregadas nos países latinos. Entre elas, cita que "é perigoso" o estado geral dos aeroportos e que os
operadores de tráfego aéreo não
sabem o que falam aos pilotos.
A recomendação era a de ignorar
a orientação dos operadores. Por
pressão de vários países, no mês
passado a American Airlines retirou do manual as referências depreciativas à América Latina.
Diante do exagero de muitas das
exigências americanas (veja quadro), houve a informação de que
Clinton estava pedindo a suspensão, por três dias, do horário de verão. Dessa forma, haveria uma hora a mais para chegar ao Brasil e se
preparar para as atividades noturnas. As autoridades brasileiras negaram a procedência desse pedido.
Cerca de 1.500 passageiros dos 17
vôos que saem de Brasília das 17h
às 20h de segunda devem chegar
ao aeroporto com duas horas de
antecedência. A segurança americana exigiu que o aeroporto fique
interditado por uma hora -meia
hora antes e meia hora depois da
aterrissagem dos três aviões com
Clinton e sua comitiva (por volta
de 19h30). Isso deve provocar o
atraso na chegada de 15 vôos.
Colaborou Abnor Gondim, da Sucursal de Brasília
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