São Paulo, sábado, 11 de outubro de 1997.



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DIPLOMACIA
Autoridades brasileiras rejeitam repassar comando, e seguranças vão apenas acompanhar controladores
EUA queriam controlar o tráfego aéreo

WILLIAM FRANÇA
RENATA GIRALDI
da Sucursal de Brasília


As exigências da comitiva norte-americana para a visita de Bill Clinton incluíam o controle do sistema de tráfego aéreo desde o momento em que o Air Force One, o avião do presidente dos EUA, entrasse no espaço aéreo brasileiro, na noite de segunda, até a sua saída, na quarta à tarde.
O pedido foi considerado "exagerado, desproposital e uma interferência militar indevida" pelos oficiais da Aeronáutica que controlam o Cindacta (Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego), em Brasília.
A decisão de não permitir que esse controle fosse feito pelos norte-americanos foi tomada após consulta ao presidente Fernando Henrique Cardoso.
O que se permitiu é que os agentes de segurança de Clinton acompanhem, no Cindacta, a movimentação do Air Force One. Mas eles não terão poder de ingerência no sistema de radares.
Entre os militares brasileiros, a imposição norte-americana é analisada com surpresa, pois muitos oficiais que trabalham no controle do espaço aéreo recebem treinamentos específicos nos EUA.
A Folha apurou que um dos motivos que poderiam ter levado a esse pedido foi um manual da empresa aérea norte-americana American Airlines, o "Guia para Pilotos para a América Latina".
Nele aparecem discriminadas atitudes específicas que devem ser empregadas nos países latinos. Entre elas, cita que "é perigoso" o estado geral dos aeroportos e que os operadores de tráfego aéreo não sabem o que falam aos pilotos.
A recomendação era a de ignorar a orientação dos operadores. Por pressão de vários países, no mês passado a American Airlines retirou do manual as referências depreciativas à América Latina.
Diante do exagero de muitas das exigências americanas (veja quadro), houve a informação de que Clinton estava pedindo a suspensão, por três dias, do horário de verão. Dessa forma, haveria uma hora a mais para chegar ao Brasil e se preparar para as atividades noturnas. As autoridades brasileiras negaram a procedência desse pedido.
Cerca de 1.500 passageiros dos 17 vôos que saem de Brasília das 17h às 20h de segunda devem chegar ao aeroporto com duas horas de antecedência. A segurança americana exigiu que o aeroporto fique interditado por uma hora -meia hora antes e meia hora depois da aterrissagem dos três aviões com Clinton e sua comitiva (por volta de 19h30). Isso deve provocar o atraso na chegada de 15 vôos.


Colaborou Abnor Gondim, da Sucursal de Brasília



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