São Paulo, quarta-feira, 11 de outubro de 2000

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OPERAÇÃO COBRA
Quatro pelotões serão postos na região
Governo pretende criar cidades para poder vigiar fronteira norte

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Defesa, Geraldo Quintão, anunciou ontem que o governo pretende instalar quatro novos pelotões na Amazônia, em regiões de fronteira, com o objetivo de criar novas cidades na região. Ou, na terminologia militar, "vivificar" as fronteiras.
A criação dos quatro pelotões depende de uma suplementação orçamentária para o Projeto Calha Norte no valor de R$ 36 milhões. A aprovação dessa verba depende do Congresso.
O Calha Norte nasceu em 1985. Ficou abandonado e quase sem verbas durante vários anos. Agora, por causa do Plano Colômbia (de combate ao narcotráfico no país vizinho), os militares brasileiros têm pressionado pela reativação do projeto.
Neste ano, o Orçamento prevê R$ 24 milhões para o Calha Norte. Se a suplementação solicitada for aprovada, o valor total para o ano sobe para R$ 60 milhões.
Os pelotões que serão instalados na Amazônia devem ter dois pavilhões: um militar e outro civil. No militar ficarão de 40 a 60 soldados. No civil estarão equipes de vários órgãos do governo, como Ibama, Funai e Ministério da Educação.
A idéia é que os locais em que forem instalados os pelotões se transformem em vilas. E, posteriormente, em pequenas cidades.
Isso garantiria a ocupação perene da região amazônica do país, com cerca de 5.000 km de extensão de fronteiras internacionais praticamente inabitadas.
O número de pessoal militar é relativamente pequeno em cada novo pelotão, pois os militares brasileiros não consideram que o problema da Amazônia seja a falta de efetivo. Hoje, há cerca de 22 mil soldados na região Norte.
A maior dificuldade na segurança da região é que há amplas áreas desocupadas. Por isso, um dos objetivos principais do Calha Norte é tentar encontrar meios de criar novas comunidades na região de fronteira da Amazônia.

Convênio com a FGV
Além de anunciar os novos pelotões que serão instalados na Amazônia, Quintão também assinou ontem um convênio com a Fundação Getúlio Vargas. Pelo contrato, a FGV fará estudos de viabilidade econômica em pequenos municípios já existentes na fronteira norte do Brasil.
A FGV inicialmente deve fazer estudos em cinco ou seis dos cerca de 70 municípios fronteiriços do Brasil na região Norte. Cada estudo custará R$ 30 mil ao Ministério da Defesa.
O objetivo é descobrir qual a vocação dessas cidades, as deficiências atuais e como o governo poderá atuar para incentivar o desenvolvimento.
(FERNANDO RODRIGUES)


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