São Paulo, quarta-feira, 11 de outubro de 2000

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SÃO PAULO
Petista reconhece que eventual triunfo será menos uma vitória de seu partido do que resultado da rejeição a adversário; sindicalistas e lideranças de perueiros apóiam candidata
Marta admite que apoios são anti-Maluf

SÍLVIA CORRÊA
DA REPORTAGEM LOCAL

A candidata do PT à Prefeitura de São Paulo, Marta Suplicy, admitiu ontem que sua eventual vitória no segundo turno será menos um triunfo de seu partido e mais de uma frente suprapartidária antimalufista.
"Eu gostaria que não fosse, mas é evidente que parece ser. Fico contente com os todos esses apoios. Eles mostram que estamos passando por cima de picuinhas e politicagens pequenas para reconstruir a cidade", afirmou.
As declarações de Marta foram dadas após a petista receber o inédito apoio conjunto das duas maiores centrais sindicais do país -a CUT (Central Única dos Trabalhadores) e a Força Sindical- e a formalização de solidariedade do ex-candidato e vice-governador, Geraldo Alckmin (PSDB).
O ato com as centrais, realizado durante a manhã de ontem na sede da Força Sindical, evidenciou que a rejeição ao ex-prefeito Paulo Maluf (PPB) é a verdadeira força política por trás de uma aliança tão ampla.
"Eles (Maluf e o prefeito Celso Pitta) acabaram com a nossa cidade. Ele (Maluf) acabou com quase tudo e ainda pôs um filho dele lá para acabar com o resto", disse Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente nacional da Força Sindical, que apoiou Geraldo Alckmin no primeiro turno.
"Maluf representa compromissos com práticas que repudiamos. Esse apoio é a unidade da classe trabalhadora em torno da ética e da transparência", completou João Felício, presidente da CUT.
Afirmando que "99,9%" de seus sindicatos apoiarão a petista, as centrais sindicais se ofereceram para levá-la a portas de fábricas e pediram a Marta a legalização de lotes clandestinos, a criação de cooperativas e frentes de trabalho, a retomada do passe do desempregado e a redução do ISS (Imposto Sobre Serviços).
Após o evento, Marta seguiu direto para a casa de Alckmin, no Morumbi. Os dois se reuniram a portas fechadas.
Marta acenou com a possibilidade de incorporar soluções propostas pelos tucanos para os trens urbanos e a urbanização da cidade, mas disse que isso não foi acordado com Alckmin.
"Eu preferia votar em Geraldo Alckmin, mas, não podendo, o meu partido tomou uma atitude rápida em dizer que Maluf não. Pois a situação de falência da cidade foi o Maluf que fez", disse o vice-governador, que negou que vá pedir votos para a petista.

Perueiros
A candidata recebeu ontem mais um apoio: o do Sindilotação, entidade que diz ser a única representante "legítima" dos motoristas de lotação (os conhecidos "perueiros") na cidade.
Alguns setores dos perueiros apóiam o prefeito Pitta. Na última sexta-feira, um grupo de 40 deles -que diziam representar 85% da categoria na cidade- declarou apoio ao pepebista.
Durante a campanha do primeiro turno, houve dois incidentes envolvendo petistas e perueiros. Em Guaianazes, Marta quase foi atingida por ovos atirados por desconhecidos após passar em frente a um ponto de perueiros.
No Tucuruvi, três pessoas ficaram feridas após uma briga entre petistas e perueiros em um bar.
O presidente do Sindilotação, Célio dos Santos, diz que os perueiros anti-Marta são "minoria". No primeiro turno, o sindicato apoiou Luiza Erundina (PSB).
"A categoria está fortemente apoiando Marta, porque com ela dá para conversar", disse.
Santos diz que sua entidade é a única representante oficial da categoria e tem 3.800 perueiros associados, 2.300 dos quais legais.


Colaborou FÁBIO ZANINI, da Reportagem Local

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