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SEGUNDO TURNO
FHC telefonou para José Carlos Martinez, presidente do partido, a fim de tentar reverter tendência pró-petista
PTB alega "ódio" a Serra para apoiar Lula
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No mesmo dia em que o PSB, de
Anthony Garotinho, declarou
apoio ao presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o PTB, que
apoiou Ciro Gomes no primeiro
turno, "recomendou" voto no petista no segundo turno.
De acordo com os próprios dirigentes do PTB, em vez de "amor"
a Lula, um sentimento de rejeição
ao presidenciável tucano, José
Serra, foi o motivo encontrado
pelo partido para optar pelo petista. Nos Estados em que ainda há
segundo turno, apenas o voto para governador é liberado, para
presidente não.
Após quatro horas de reunião
em Brasília, a cúpula petebista
concedeu entrevista afirmando
que a decisão foi "unânime", apesar de Roberto Jefferson (RJ), líder do partido na Câmara, defender neutralidade no segundo turno. Jefferson disse que respeitará
a decisão do partido, mas não deseja nada dos petistas. "Nem a
companhia."
"A decisão [de recomendar voto em Lula" é mais por ódio ao
Serra do que por amor ao Lula",
disse o deputado José Carlos Martinez, presidente do PTB.
Surpreendido pelo clima anti-Serra da reunião, o presidente
Fernando Henrique Cardoso telefonou para Martinez, a fim de reverter a tendência de apoio a Lula.
Segundo a Folha apurou, Martinez disse ter apreço por FHC, mas
que Serra e o PSDB o teriam "machucado muito", numa referência
aos petardos tucanos relacionando o presidente do PTB a PC Farias (leia texto nesta página).
Ao final da reunião, Martinez
telefonou para o presidente do
PT, o deputado federal José Dirceu (SP). O petista, também se
surpreendeu quando recebeu a
notícia, pois esperava que o PTB
liberasse os filiados.
Apesar de manifestar desejo pela vitória do petista, o PTB não
quis se comprometer com a governabilidade do futuro presidente. Ainda não foi definido se dará
sustentação no Congresso a um
eventual governo Lula ou Serra, o
que só será decidido em janeiro.
Para Martinez, é preciso verificar se os petistas se mostrarão
"moderados" ou "radicais". Segundo a Folha apurou, o discurso
oficial de dar apoio apenas na
campanha serviria para passar a
idéia de que o partido não estaria
interessado em cargos.
O presidente nacional do PT,
José Dirceu, vem tendo conversas
com Martinez para formatar o
apoio. A idéia é que Lula não
compareça a Estados onde o PTB
aderiu a adversários do PT, como
no Paraná.
São Paulo
Martinez afirmou que, em São
Paulo, o PTB dará apoio ao tucano Geraldo Alckmin, que disputa
o governo estadual com José Genoino (PT), por uma questão de
"tradição" da legenda no Estado.
Já na Força Sindical, a "tendência" é liberar o voto dos filiados
tanto no âmbito estadual como
no federal. Segundo o presidente
licenciado da Força, Paulo Pereira
da Silva (PTB), o Paulinho, candidato a vice na chapa de Ciro Gomes, um apoio a Lula agora traria
comprometimentos futuros para
a central. Mas Paulinho, como
membro do PTB, apoiará Lula e
Alckmin. A Força se reúne na segunda-feira para decidir como vai
atuar no segundo turno.
Na reunião, o PTB aproveitou
para fazer um balanço do primeiro turno. Segundo Martinez, a opção de lançar candidato próprio
foi acertada. O erro foi a pessoa.
"Um candidato a presidente não
pode se dar ao luxo de dar declarações fora de contexto, perdidas
ao léu", disse, referindo-se a Ciro.
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