|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PMDB de Newton Cardoso oficializa apoio a Lula
RANIER BRAGON
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu ontem em
Belo Horizonte o apoio do PMDB
mineiro, legenda controlada pelo
vice-governador Newton Cardoso, terceiro colocado na disputa
ao governo do Estado, que recebeu 6,7% dos votos válidos.
Coube ao presidente da seção
mineira, deputado federal Saraiva
Felipe, afilhado político de Newton, fazer o comunicado da adesão, ato que ocorreu durante encontro de Lula com cerca de 3.000
correligionários no Minascentro,
região central da cidade.
Acompanhado do senador eleito Hélio Costa (PMDB), Saraiva
disse que o PMDB-MG já apoiava
informalmente Lula no primeiro
turno e que agora a Executiva resolveu oficializar "um posicionamento majoritário contra o governo federal". PDT e PPS locais
também participaram do evento.
Devido ao fracasso nas urnas e à
rejeição que encontra na militância petista, que historicamente o
associa a práticas políticas questionáveis, Newton não deverá
aparecer pedindo voto para Lula.
Lula se encontrou também com
o governador Itamar Franco (sem
partido), principal padrinho de
sua campanha no Estado, onde
ele conseguiu sua terceira melhor
votação proporcional, 53% dos
votos válidos. O presidenciável
afirmou que, se vencer no dia 27,
vai tratar o governador eleito de
Minas, o tucano Aécio Neves, como se fosse do seu partido.
"Se eu for eleito presidente da
República, o Aécio vai ser tratado
como se fosse governador do PT,
com direito a pão de queijo e tudo
mais." A declaração foi feita em
encontro no Palácio da Liberdade, sede do Executivo mineiro.
Aécio tem repetido elogios ao
petista, afirmando que eles são
amigos e que tanto Lula quanto
José Serra (PSDB) são "inatacáveis". Diz também que, se Lula
vencer, ele trabalhará com afinco
pela governabilidade do país. Devido a essas declarações, o tucano
mineiro é visto dentro do PSDB
nacional como alguém que não
ajuda a campanha presidencial.
Itamar apoiou de forma entusiástica Aécio e está por trás do
bom relacionamento entre o tucano e Lula. O governador mineiro afirmou que vai a São Paulo
amanhã para o encontro que o
petista fará com os eleitos do partido. Participará também de comícios com os candidatos a governador José Genoino (PT-SP) e
Roberto Requião (PMDB-PR).
O vice de Aécio, Clésio Andrade
(PFL), declarou voto em Lula,
mas ontem não foi aos eventos.
Demonstrando que não pretende promover uma "caça às bruxas" contra o governo Fernando
Henrique Cardoso, Lula disse,
ainda em Belo Horizonte, que não
vai "pensar no ontem", caso eleito. "Não esperem um presidente
da República chorando o leite
derramado e procurando o que o
FHC fez de errado. Não quero
pensar no ontem, quero pensar
no amanhã. Não haverá tempo
para ficar procurando coisas do
passado", afirmou.
A frase alimenta especulação de
que a cúpula do PT teria fechado
há algumas semanas acordo com
o Palácio do Planalto descartando
investigações sobre o governo do
PSDB em caso de vitória de Lula.
No discurso que fez à militância,
Lula distribuiu vários elogios a Ciro Gomes (PPS) e a Leonel Brizola
(PDT), que declararam apoio a ele
nesta semana. Sobre Garotinho,
que enviou o seu apoio acompanhado de várias críticas, o petista
fez rápida menção a seu nome.
Lula fez críticas ao governo,
com ênfase para a área da Saúde:
"Na questão da saúde, se faz tanta
propaganda, mas tem 40 milhões
de brasileiros que não têm acesso
a remédio nenhum neste país".
O primeiro compromisso de
Lula em Belo Horizonte foi uma
reunião com a diretoria da Fiemg
(Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais), que também declarou apoio ao petista, e
almoçou com a diretoria da Fiat.
Texto Anterior: Atuação em governo petista racha PSB Próximo Texto: Frases Índice
|