São Paulo, sexta-feira, 11 de outubro de 2002

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PMDB de Newton Cardoso oficializa apoio a Lula

RANIER BRAGON
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu ontem em Belo Horizonte o apoio do PMDB mineiro, legenda controlada pelo vice-governador Newton Cardoso, terceiro colocado na disputa ao governo do Estado, que recebeu 6,7% dos votos válidos.
Coube ao presidente da seção mineira, deputado federal Saraiva Felipe, afilhado político de Newton, fazer o comunicado da adesão, ato que ocorreu durante encontro de Lula com cerca de 3.000 correligionários no Minascentro, região central da cidade.
Acompanhado do senador eleito Hélio Costa (PMDB), Saraiva disse que o PMDB-MG já apoiava informalmente Lula no primeiro turno e que agora a Executiva resolveu oficializar "um posicionamento majoritário contra o governo federal". PDT e PPS locais também participaram do evento.
Devido ao fracasso nas urnas e à rejeição que encontra na militância petista, que historicamente o associa a práticas políticas questionáveis, Newton não deverá aparecer pedindo voto para Lula.
Lula se encontrou também com o governador Itamar Franco (sem partido), principal padrinho de sua campanha no Estado, onde ele conseguiu sua terceira melhor votação proporcional, 53% dos votos válidos. O presidenciável afirmou que, se vencer no dia 27, vai tratar o governador eleito de Minas, o tucano Aécio Neves, como se fosse do seu partido.
"Se eu for eleito presidente da República, o Aécio vai ser tratado como se fosse governador do PT, com direito a pão de queijo e tudo mais." A declaração foi feita em encontro no Palácio da Liberdade, sede do Executivo mineiro.
Aécio tem repetido elogios ao petista, afirmando que eles são amigos e que tanto Lula quanto José Serra (PSDB) são "inatacáveis". Diz também que, se Lula vencer, ele trabalhará com afinco pela governabilidade do país. Devido a essas declarações, o tucano mineiro é visto dentro do PSDB nacional como alguém que não ajuda a campanha presidencial.
Itamar apoiou de forma entusiástica Aécio e está por trás do bom relacionamento entre o tucano e Lula. O governador mineiro afirmou que vai a São Paulo amanhã para o encontro que o petista fará com os eleitos do partido. Participará também de comícios com os candidatos a governador José Genoino (PT-SP) e Roberto Requião (PMDB-PR).
O vice de Aécio, Clésio Andrade (PFL), declarou voto em Lula, mas ontem não foi aos eventos.
Demonstrando que não pretende promover uma "caça às bruxas" contra o governo Fernando Henrique Cardoso, Lula disse, ainda em Belo Horizonte, que não vai "pensar no ontem", caso eleito. "Não esperem um presidente da República chorando o leite derramado e procurando o que o FHC fez de errado. Não quero pensar no ontem, quero pensar no amanhã. Não haverá tempo para ficar procurando coisas do passado", afirmou.
A frase alimenta especulação de que a cúpula do PT teria fechado há algumas semanas acordo com o Palácio do Planalto descartando investigações sobre o governo do PSDB em caso de vitória de Lula.
No discurso que fez à militância, Lula distribuiu vários elogios a Ciro Gomes (PPS) e a Leonel Brizola (PDT), que declararam apoio a ele nesta semana. Sobre Garotinho, que enviou o seu apoio acompanhado de várias críticas, o petista fez rápida menção a seu nome.
Lula fez críticas ao governo, com ênfase para a área da Saúde: "Na questão da saúde, se faz tanta propaganda, mas tem 40 milhões de brasileiros que não têm acesso a remédio nenhum neste país".
O primeiro compromisso de Lula em Belo Horizonte foi uma reunião com a diretoria da Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais), que também declarou apoio ao petista, e almoçou com a diretoria da Fiat.



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