São Paulo, sexta-feira, 11 de outubro de 2002

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Pepebistas articulam afastamento de Maluf da presidência do partido

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de sofrer sua maior derrota nas urnas, o ex-prefeito Paulo Maluf (PPB) terá de enfrentar agora a resistência dos próprios colegas de partido que defendem a sua destituição da presidência nacional da sigla e o fim da hegemonia malufista em São Paulo.
A fragilidade de Maluf vem das urnas. No último domingo, pela primeira vez desde a eleição presidencial de 1989, o pepebista ficou fora de um segundo turno.
Na leva de partidários que defendem o afastamento de Maluf, estão aliados históricos, como o ex-presidente estadual do PPB Adhemar de Barros Filho e o deputado federal por dois mandatos Wagner Salustiano, eleito agora deputado estadual por São Paulo.
Segundo alguns aliados malufistas, até mesmo o deputado federal Delfim Netto (PPB) confidenciou que não iria mais apoiar Maluf caso o ex-prefeito desejasse se candidatar à Prefeitura de São Paulo em 2004.
O projeto de Salustiano é um exemplo do declínio do poderio malufista. Decidido a fixar-se em São Paulo, o deputado quer construir uma base política capaz de habilitá-lo para uma eventual disputa pela prefeitura com Maluf. Outros deputados estaduais do PPB também estão de olho na mesma cadeira.

Levante
As articulações para afastar Maluf, no entanto, não estão concentradas apenas em São Paulo. Pepebistas da ala governista, principalmente do Rio Grande do Sul e de Pernambuco, também têm se movimentado nos bastidores para tentar isolá-lo politicamente.
Eles avaliam que Maluf, acostumado a adotar uma política personalista, prejudicou o partido ao se opor com veemência a uma aliança nacional com o PSDB, do presidenciável José Serra. Para Maluf, a aliança era contraproducente, já que ele imaginava disputar o segundo turno com o governador de São Paulo e candidato, Geraldo Alckmin (PSDB).
Um dos que se sentiram prejudicados pelo fato de o partido não ter se coligado ao PSDB nacionalmente foi o candidato derrotado para o governo do Rio Grande do Sul, Celso Bernardi.
Ele ficou em quarto lugar na disputa estadual, com menos de 7% dos votos válidos. "Foi uma decisão equivocada do partido [não se aliar ao PSDB", mas não só por responsabilidade de Paulo Maluf", afirmou o candidato.
Segundo Bernardi, apesar de ter disputado com Maluf a presidência da sigla, em abril do ano passado, ele não aprova um movimento para tentar isolar o ex-prefeito. "É um momento difícil para ele [Maluf] e eu não faria isso."
Para que o afastamento de Maluf do cargo de presidente nacional da legenda seja efetivado, os "rebeldes" precisam da concordância de pelo menos 50% mais um dos integrantes do diretório nacional do partido.
A assessoria de imprensa do ex-prefeito informou que Maluf não iria comentar o assunto. A ala malufista da sigla, comandada por São Paulo, garante controlar pelo menos de 70% do diretório nacional pepebista.


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